Viagens no Scriptorium
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Paul Auster – Viagens no Scriptorium

        Viagens no Scriptorium

        Paul Auster está definitivamente morando no Brasil. Depois de sua participação na FLIP de 2004 e da publicação de pelo menos dez de suas obras pela Companhia das Letras (dentre elas “Noite do oráculo”, um meta-romance, “Desvarios no Brooklyn” e “A trilogia de Nova York”, o autor nova-iorquino tem seu “Travels in the Scriptorium” traduzido por Beth Vieira para a língua portuguesa.

         A história fala de um velho que se encontra sozinho em um pequeno quarta em que é vigiado constantemente por câmeras e microfones. Sem saber onde se encontra – se numa prisão, hospital ou asilo – o velho recebe visitas de alguns personagens que parecem fazer parte de seu passado, que pela falta de memória que lhe acomete, não sabe dizer ao certo quem são ou como os conheceu.

         Se nome – Blank – reflete esta “página em branco” que é o seu passado, que parece estar sendo escrito com ajuda de um manuscrito e algumas fotos que encontram-se sobre a escrivaninha e com as quais vai-se tentando montar o quebra-cabeças de sua vida.

         No manuscrito que está à disposição de Blank, conta-se a história de um agente secreto de uma nação desconhecida que é enviado a uma missão misteriosa, para supostamente evitar uma insurreição de povos independentes. Aparentemente, uma história serve para colocar luz na outra. Blank sente-se impelido a criar uma continuação para a história que lê. Nesse processo, Auster exerce com maestria algo que já demonstrou ser exímio em “Noite do oráculo”: a metalinguagem. (…)

        Viagens no Scriptorium

        Paul Auster está definitivamente morando no Brasil. Depois de sua participação na FLIP de 2004 e da publicação de pelo menos dez de suas obras pela Companhia das Letras (dentre elas “Noite do oráculo”, um meta-romance, “Desvarios no Brooklyn” e “A trilogia de Nova York”, o autor nova-iorquino tem seu “Travels in the Scriptorium” traduzido por Beth Vieira para a língua portuguesa.

         A história fala de um velho que se encontra sozinho em um pequeno quarta em que é vigiado constantemente por câmeras e microfones. Sem saber onde se encontra – se numa prisão, hospital ou asilo – o velho recebe visitas de alguns personagens que parecem fazer parte de seu passado, que pela falta de memória que lhe acomete, não sabe dizer ao certo quem são ou como os conheceu.

         Se nome – Blank – reflete esta “página em branco” que é o seu passado, que parece estar sendo escrito com ajuda de um manuscrito e algumas fotos que encontram-se sobre a escrivaninha e com as quais vai-se tentando montar o quebra-cabeças de sua vida.

         No manuscrito que está à disposição de Blank, conta-se a história de um agente secreto de uma nação desconhecida que é enviado a uma missão misteriosa, para supostamente evitar uma insurreição de povos independentes. Aparentemente, uma história serve para colocar luz na outra. Blank sente-se impelido a criar uma continuação para a história que lê. Nesse processo, Auster exerce com maestria algo que já demonstrou ser exímio em “Noite do oráculo”: a metalinguagem.

         Dentro do romance, o personagem principal passa a discutir consigo mesmo qual seria a melhor forma de concluir o romance deixado intencionalmente acabado por outro personagem – o escritor Trause. O faz de forma explícita, como na página 106 (voz de Blank): “O que Land está fazendo nos Territórios, e onde estão sua mulher e sua filha? Para ser bem sincero, essa questão doméstica me entedia. Ela pode ser resolvida de várias maneiras, mas são todas constrangedoras: banais demais, surradas demais, nem vale muito a pena pensar nelas. Uma seria: Beatrice e Marta fugiram com Land. Se Graf os encontrar juntos, ele jurou que mataria Land. Ou ele consegue cumprir sua promessa ou não, mas a esta altura da história descamba para um mero belodrama em torno de um corno que tenta defender sua honra. A segunda seria: Beatrice e Marta fugiram com Land, mas Beatrice morreu – ou por causa da epidemia de cólera ou por causa das dificuldades da vida nos Territórios. Vamos supor que Marta, agora com dezesseis anos, tenha se tornado mulher e esteja viajando com Land como sua amante. Que faz Graf nesse caso? Ainda tenta matar Land, assassinar seu valho amigo enquanto sua única filha implora pela vida do homem que ama?  Ó papai, por favor papai, não faça isso! Ou será que Graf resolve passar uma borracha no que aconteceu e esquecer a história toda? De um jeito ou de outro, isso não convence. A terceira seria: Beatrice e Marta fugiram com Land, mas as duas morreram. Land não mencionará o nome delas a Graf, e esse elemento da narrativa se torna uma pista falsa morta e enterrada.”

         Para não antecipar o final de história, preciso dizer que Blank achou um final satisfatório para a história que estava lendo. Ficamos, como leitores, contentes com a solução encontrada pelo personagem Blank. Auster, entretanto, não é tão feliz quanto ao fechamento da história de Blank. Talvez por repetir fórmulas já cansadas e utilizadas à exaustão por diversos autores, o fim mesmo de seu Viagens no Scriptorium deixa um gosto desagradável no leitor que, depois de acompanhar a habilidade do autor em levar seu personagem principal a construir e fechar habilmente um romance, peca em concluir da mesma forma o romance inteiro.

         É como se um titereiro colocasse palavras fantásticas na boca de seu títere e, no final do número, começasse a gaguejar e, de forma desordenada, mostrasse ao público descaradamente que o títere é nada mais do que isso: um boneco. Apagam-se as luzes.

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