TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Utopias Piratas (parte I de VII)
A leitura de TAZ veio em boa hora. No momento em que estamos para desencadear uma ação que caracterizo como uma “força para-governamental”, uma série de atitudes voltadas a enaltecer o espírito altruísta dos indivíduos e de grupos humanos, a idéia de “zonas autônomas temporárias” vem bem a calhar.
Se ainda não consigo encontrar argumentos fortes o suficiente para rejeitar as ações de grupos anarquistas radicais como os Black Blocks e outros grupos libertários que utilizam a ação violenta para expressarem seu desagrado em relação à opressão que lhes é imposta pelas forças do Estado, pessoalmente prefiro encontrar formas que não utilizem a luta armada para atingir as mudanças que são necessárias a um mundo mais pleno de justiça e liberdade.
Como acredito que o Estado em si é uma ferrugem que a ser combatida, penso que todas atividades capazes de enfraquecer a importância do mesmo na vida dos indivíduos acaba por ser uma ação natural a ser posta em prática.
E aqui uma ressalva – este texto não é voltado àqueles que já se cansaram de lutar, que se renderam com exclusividade ao conforto do “mundo do capital” ou que já não vêem saída ou não acham necessária solução alguma para as amarras que se impõe aos pulsos e tornozelos da grande parte oprimida da população em quase todas as nações.
Segue uma seleção de excertos do livro, dividida em 7 partes, com alguns comentários meus quando os julgar necessários. Muitas vezes o próprio texto exprime de forma plena o que eu mesmo gostaria de ter dito.
Utopias Piratas
“Recentemente, Bruce Sterling, um dos principais expoentes da ficção científica cyberpunk, publicou um romance ambientado num futuro próximo e tendo como base o pressuposto de que a decadência dos sistemas políticos vai gerar uma proliferação de experiências comunitárias descentralizadas; corporações gigantescas mantidas por seus funcionários, enclaves independentes dedicados à “pirataria de dados”, enclaves verdes e social-democratas, enclaves de Trabalho-Zero, zonas anarquistas liberadas, etc.”
O título do livro é “Islands in the Net”, e no Brasil foi publicado como “Piratas de Dados”, pela Editora Aleph. É preciso lembrar que o livro de Hakim Bey foi escrito no final da década de 80, quando se navegava na internet com canoa e remos impulsionavam esta canoa. O BBS era a regra. Hoje, praticamente 20 anos se passaram e a “previsão” de Sterling se realizou em muitos aspectos. O passo posterior ao surgimento destas experiências é a definitiva proliferação das mesmas, levando à possibilidade de uma vida plena principalmente pela ausência de fiscalização e regulamentação do Estado. A única forma de fazer isso é tornando-se invisível.
Experiência comunitárias descentralizadas como a Coolméia trabalham para tornar este horizonte uma realidade.
Seguindo em sua introdução, Hakim Bey questiona:
“Estamos nós, que vivemos no presente, condenados a nunca experimentar a autonomia, nunca pisarmos, nem que seja por um momento sequer, num pedaço de terra governado apenas pela liberdade? Estamos reduzidos a sentir nostalgia pelo passado, ou pelo futuro? Devemos esperar até que o mundo inteiro esteja livre do controle político para que pelo menos um de nós possa afirmar que sabe o que é ser livre? Tanto a lógica quanto a emoção condenam tal suposição. (…) Acredito que, dando conseqüência ao que aprendemos com histórias sobre “ilhas na rede”, tanto do passado quanto do futuro, possamos coletar evidências suficientes para sugerir que um certo “enclave livre” não é apenas possível nos dias de hoje, mas é também real. Toda minha pesquisa e minhas especulações cristalizaram-se em torno do conceito de Zona Autônoma Temporária (TAZ).”
Toda a série TAZ – Zona Autônoma Temporária:
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Utopias Piratas (parte I de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Esperando pela Revolução (parte II de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Psicotopologia da Vida Cotidiana (parte III de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – A Internet e a Web (parte IV de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Fomos para Croatã (parte V de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – A Ânsia de Poder como Desaparecimento (parte VI de VII)
TAZ – Zona Autônoma Temporária – Hakim Bey – Caminhos de Rato na Babilônia da Informação (final)
2 Comentários
botocudo
MUITO FODA!!
Cara, maluco, minha careca!!!!!!
Minha careca é TAZ!!
😀
valeuz.
Keyne
Interessante
Rafael, para me apresentar melhor. Tenho 21 anos e sou homem, digo pois meu nome constantemente é confundido com o de muher, rs.
Aos 17 inicie um empresa de Web com esse ideal, pois acreditava que através da Internet seria possível criar as ilhas e que através dela e da empresa, ou seja, do círculo social que ali estaria, seria possível crir um “vírus” para alterar o sistema atual, não um vírus no sentido técnico da palavra, mas um vírus que iria invadir o sitema de informações mantido pelas mentes humanas e que por fim mantém o tal status quo.
Parei de estudar no segundo ano, pois me sentia sugado, não conseguia manter o estado mental desejado em minha escola, a eletricidade gerada por todos os alunos me desconcertava.
Só que hoje, depois de ter alguns funcionários e um sócio, me sinto quase na mesma situação pois as pessoas não acreditam na mudança, preferem viver o que já está aí e eu nas as culpo, pois se for ver é uma simples questão de escolha, e independete de qual escolhermos os planetas continuaram a girar, e o “plano de Deus” continua intacto. Se é permitido ao homem ser assim, então acredito que não estejam errado.
Ao ver pessoas como você, meu desejo se torna latente novamenete e não me sinto só. Mas ainda há dúvidas, estas eu deixei em seu segundo post relacionado a este assunto.
Um abraço.