Quarta-feira, 11 de agosto de 2004 – Clínica e Vida
Ontem à noite fui a uma Jornada de Psicologia organizada pela turma da minha namorada, pelo qual eu fui responsável pela confecção do cartaz, que, por sinal, é esta imagem que vocês vêem aí embaixo.
Para a Jornada, foram convidados alguns figurões da psicologia nacional, como Eduardo Passos, Peter Pál Pelbart e Suely Rolnik. Abaixo, vou transcrever meus apontamentos das palestras do professor Eduardo Castro, mestre de minha namorada na Universidade Federal de Santa Maria e de Eduardo Passos, professor da Universidade Federal Fluminense.
Os apontamentos serão registrados como foram feitos. A aparente “nonsensibilidade” deve ser desfeita por cada leitor. Dúvidas posteriores discutiremos nos comentários. Sugiro que prestem bastante atenção à leitura pois vários trechos foram responsáveis, pelo menos para mim, por grandes “insights” que, por sua vez, geraram um encadeamento de idéias que produziram uma série de pôusts já escritos a serem gradualmente depositados aqui no Escrever Por Escrever. Inicia-se pois a transcrição dos apontamentos (com possíveis erros na grafia do nome dos autores):
A Loucura de Ser Normal – Eduardo Castro
“De perto ninguém é normal” – Caetano Veloso
Martin Gröhs – A Sociedade Psicológica – médicos e psicólogos tiram vantagem da não-normalidade
Qual o sentido, a importância de ser ou não normal?
Anormal x Normal (maniqueísmo, versão demoníaca, dicotômica do mundo, binária, religiosa, forma de alguém exercer domínio sobre os outros, ILL = EVIL, doente = endemoniado, intolerância com o diferente)
…Em contraposição a…
Diversas Normalidades
Cérebro permanentemente se moldando e modificando recepção de estímulos com o passar dos anos modificação da cultura, em um círculo que segue com um novo cérebro sendo moldado e assim sucessivamente
Fazer perceber que uma pessoa com dor de cabeça, angústia ou unha encravada não é uma pessoa doente, é uma pessoa normal com as tensões NORMAIS da vida.
Identificar objetivos de vida do paciente e as dificuldades que o mesmo encontra para atingir tais objetivos. Se a causa do problema for esta dificuldade para alcançar os objetivos, ajudar a reconstruí-los ou propor alternativas para alcançá-los…
“Estamos em um mundo de perdidos (não ter referentes ou ter tantos referentes que não nos achamos) onde todos fazemos de conta que estamos achados” (Eduardo Castro)
Clínica, Subjetividade e Política – Eduardo Passos
Travessia – Travessura
Christian Bonevoir – pintor – é através da DIVISÃO que extraímos da tela em branco uma superfície pictórica (de inscrição) e desta uma forma.
O artista é você! Pegue a divisão (impor limites), você é o responsável pela operação (divisão). Não se contente com o operado.
O que acontece quando divido o divisor? A operação abre a superfície à sua alteridade (!) – aparece na superfície o outro da superfície, a profundidade (é o outro DA superfície NA superfície, um fora na superfície incluído) – a experiência ocorre NO LIMITE.
Habitar o contemporâneo não é trivial
É habitar um tempo fugidio que sempre está a se furtar
E ao mesmo tempo vive no porvir, no horizonte à frente
Lewis Carroll
O que são as luzes – 1983 – Michel Folcault comenta um texto de Immanuel Kant, escrito na véspera de sua morte, traduzido para o português na Ditos e Escritos vol. 2
Parmênides: “O ser é e o não ser não é”
A crítica contemporânea localiza, territorializa, tira a potência, define o bom e o mau DA CRIAÇÃO
Slogan da atualidade: “Vamos respeitar os diferentes”
Possibilidade de derivar, de se diferenciar…