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Clonagem Terapêutica – Mito ou Realidade?

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(este texto foi preparado para publicação em um jornal da região em que moro, portanto foi evitada linguagem rebuscada e se apresenta em tom notoriamente popular)

A clonagem terapêutica envolve a criação de um embrião através da transferência do núcleo da célula adulta de um paciente em um óvulo humano cujo núcleo foi retirado. Após crescer em um meio de cultura por vários dias, este clone gera várias células-tronco, capazes de se diferenciarem em qualquer tecido do organismo. Pelo fato de terem o mesmo código genético das próprias células do paciente, não existiriam problemas de rejeição ao serem usadas para tratar doenças ou tecidos danificados.

Sua promessa de acabar com doenças como o diabetes, a Doença de Parkinson e mesmo restabelecer o movimento em pessoas com lesões da medula espinhal tem sido a força motriz de uma parcela da população científica. Do outro lado, existem aqueles que condenam a produção de um embrião que teria sua assim chamada “vida” encerrada após poucos dias.

Toda esta discussão se acentuou em Fevereiro, após uma publicação na revista Science de um artigo de W. S. Hwang, médico veterinário sul-coreano da Universidade de Seul onde o mesmo demonstrava pela primeira vez a cultura efetiva de células tronco a partir de óvulos femininos clonados.

Deixando de lado toda aquela história dos Raelianos, para os quais a clonagem é o caminho para a imortalidade, que bradavam ter criado o primeiro clone humano – o que jamais foi provado – esta seria a primeira prova científica de uma clonagem realizada com sucesso na raça humana.

Para conseguirem criar uma única linha de células-tronco, foram necessários 242 óvulos oriundos de 16 mulheres, que voluntariamente submeteram-se ao tratamento hormonal necessário à produção de 12 a 20 óvulos por ciclo menstrual ao invés de um, que seria o normal. É importante dizer que tal tratamento pode causar às mulheres desde desconforto e estresse emocional até trombose venosa e um acidente vascular isquêmico (derrame cerebral).

Em conclusão, antes que a clonagem terapêutica se torne uma realidade, a produção de células-tronco deverá se tornar mais eficiente, assim como as técnicas que as fazem transformar nos tecidos esperados. Até lá muita discussão nos campos da Ética devem servir para guiar a Ciência no caminho que a humanidade como um todo espera.

Rafael Reinehr é médico endocrinologista, anarquista, escritor, permacultor, ativista oikos-socio-ambiental e polímata ma non troppo.

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