Do Abuso Sexual no Coração da Igreja Católica
Antes de começar este artigo um tanto polêmico, gostaria só de retificar o horário do Bate-Papo de amanhã. Como surgiu um imprevisto (uma única exibição da peça Toda Nudez Será Castigada, de Nélson Rodrigues em minha cidade às 20:30), o Bate-Papo será adiantado em 30 minutos. Assim, aqueles que por aqui estiverem por volta das 19:30 (horário do Brasil) ou 22:30 (horário de Portugal), por favor dêem uma passada na Sala de Bate-Papo ali beeeem embaixo e vamos fazer uma breve confraternização virtual e trocar idéias simultaneamente. Até lá, meus 3 leitores. Agora vamos ao que interessa:
Manchete em uma rádio da cidade, em uma tarde comum de um dia qualquer, há uma ou duas semanas atrás:
“Papa solicita que Seminários sejam fiscalizados para evitar abuso sexual.”
Eu que estava dirigindo, quase me envolvo em um acidente de trânsito.
O quê? O papa, representante supremo de Deus na face da Terra solicitando aos seus cardeais que organizem a “fiscalização” dos padres em seus Seminários espalhados pelo mundo? E para quê? Para evitar o abuso sexual de seminaristas?
Se até aqui não foi entendido o objetivo desta crônica, esclareço:
Não estou estupefacto com a notícia de que ocorrem abusos sexuais de jovens religiosos pelos seus próprios orientadores, representantes de Deus na Terra. Isto é sabido há dezenas ou talvez centenas de anos.
O que me horroriza é o fato de a Igreja Católica – na figura de seu pontífice máximo – anunciar isto a altos brados parecendo não temer as possíveis conseqüências desse ato.
Me surpreende mais ainda a calma e o pouco interesse que envolve o fato. A própria imprensa valorizou pouco a notícia. A sociedade organizada virou as costas à informação. De tanto levarmos choques, ficamos acostumados a eles. O que antigamente era notícia, hoje é banalidade.
Uma informação que traz à tona toda sordidez e podridão que infecta o âmago da Igreja Católica, instituição de toso falida senão por sua arte, parte de sua história e alguns de seus representantes espalhados parcamente pelo planeta. Informação cruel e desconfortante que mostra que a Igreja apresenta sob a máscara bondosa supostamente inquebrável uma face vil e literalmente antropofágica em seu pior sentido. Uma Igreja que deixa sucumbir qualquer transcendência que ainda se insista em impor a ela caindo na mais chula animalidade humana.
Em um país onde, estatisticamente, a maioria de seus cidadãos é católico, eu deveria me calar. Mas assim como não deram bola à notícia, também não darão para mim.
PS: se por acaso meu blógue ficar indisponível nos próximos dias, quero que acreditem que não é nehuma força divina atuando! Tenham por certo que existem muitos católicos fervorosos que entendem um bocado de computação!