Polícia para quem precisa
Anarquia e Escritos Libertários,  Apontamentos Anarquistas

Polícia para quem precisa de polícia – O caso dos professores do Paraná e o ocaso da políca militar

Sonhei que morria por causa de uma bactéria no coração. Acordei febril. Mas podia ser pior, eu podia ter sonhado que era um professor paranaense.” – Pedro Rios Leão

charge de Odyr Bernardi

 

O Beto Richa, e nossos governantes em geral, sabem muito bem o perigo que os professores representam. O que aconteceu hoje em Curitiba não foi uma fatalidade ou um ato de descontrole. Foi apenas uma ação condizente com a cultura política do nosso país. Qualquer esboço de mudança passa por uma auto-reflexão. Somos todos responsáveis. Quem não está ATIVAMENTE contra essa ideologia vigente, está a favor dela e é diretamente culpado pelos acontecimentos de hoje.

Espero que o ocorrido encerre de vez essa sandice de intervenção militar. Quem quiser provar um “pouquinho” de intervenção militar, dá um pulo aqui no Centro Cívico pra tomar bomba e cacetete na cara. Porque protestar em bairro nobre com roupinhas da moda e voltar pra casa de taxi, limpinho e bem feliz é fácil, qualquer imbecil consegue.

Hoje, mais do que nunca, vale a célebre frase de Martin Luther King Jr.: a maior tragédia desse momento de crise não será o grito dos homens maus e sim o silêncio dos homens de bem!” – Jaque Bohn Donada

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Sugestão de campanha: Você conhece algum filho de policial militar no PR? Conhece a esposa de algum deles? Ligue para ela, ele e sugira que chame o pai à consciência. POlicial também é trabalhador. Hoje eles bateram nos professores de seus próprios filhos, nas professoras de suas filhas, e talvez em alguns que foram ou poderiam ter sido seus professores no passado recente. Sugiro que seus vizinhos não os rejeitem, mas que os chamem ao motim, que os convidem à desobediência baseada no RDE ou no código militar “ORDEM ABSURDA NÃO SE CUMPRE” é dever do militar desobedecer e ir preso se for o caso. Trabalhador não bate em trabalhador. peça aos filhos e amigos, parentes e esposas de policiais militares que se mobilizem e ajudem estes a dar o passo que falta …. e ficarem do lado do bem da justiça. Estes homens e mulheres fardados, em sua maioria, e ao seu modo, querem o mesmo que todos os demais trabalhadores: paz e justiça.” – Claudio Oliver

FB_IMG_1430355752080Outra informação, do Paraná Portal, afirma que 50 policiais serão exonerados pois recusaram-se a atirar contra os manifestantes.

Os surtos de lucidez são penalizados, enquanto os rompantes de afronta à democracia e ao direito de protesto são fortemente reprimidos. Vivemos há muito em uma sociedade de hipercontrole, em que a Polícia não serve ao propósito de defender a população de bandidos, ladrões e criminosos em geral mas, pelo contrário, está presente apenas para garantir a propriedade privada (daqueles que a possuem) e a manutenção do estado das coisas de forma a favorecer quem está no poder.

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“Não é suficiente para mim parar em frente a vocês nesta noite e condenar os levantes. Seria moralmente irresponsável fazer isso sem, ao mesmo tempo, condenar as contingências e condições intoleráveis que existem em nossa sociedade. Essas condições são as coisas que fazem os indivíduos sentir que não possuem outra alternativa senão engajar-se em rebeliões violentas para chamar a atenção. E eu devo dizer hoje que uma revolta é a linguagem daqueles que não são ouvidos.” – Martin Luther King Jr., 14 de março de 1968

Voltaire já dizia: “É perigoso estar certo quando o governo está errado.” Isso está mais do que certo, haja vista que o aparelho ideológico do Estado e a estrutura hierárquica militar, disciplinada e aparelhada que está a seu serviço tem poder de desmonte truculento de qualquer confronto direto com a população.

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Isso, no entanto, não é razão para quedarmos acomodados em frente às nossas “caixas anestesiadoras” – que alguns chamam de televisores. A cooperação crescente e o avanço das estratégias de participação cidadã – indo para muito além da mera participação, evoluindo até a interação – com troca efetiva de saberes e a evolução da tomada de consciência sobre o verdadeiro estado das coisas (que nos é obscurecido pela Escola, pela Igreja e pelo Estado) poderão acabar por gerar as faíscas da transformação social que precisamos.

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“Se o governo não respeita nossos direitos, porque nós respeitamos suas leis?”

Por que somos condescendentes? Conformistas? Acomodados? Porque estamos conseguindo comprar nossos eletrodomésticos, televisores de LCD ou automóveis em 12, 24, 36 ou 72 vezes? Porque seguimos acreditando na promessa de um “paraíso na terra”, através de reformas e mais reformas – políticas, econômicas, tributárias – que sempre são paliativas e logo ali na frente são revogadas (como no caso da rotulação dos transgênicos)?

Será que não percebemos que nossas liberdades são mais e mais cerceadas em troca de uma suposta “segurança” para nós e nossas famílias, sendo que esta segurança na verdade é uma ilusão posta na mesa para manter o processo de enriquecimento de famílias e grupos corporativos cada vez mais famintos?

FB_IMG_1429453709381A postagem é séria. É tão séria que precisamos de um pouco de humor para atenuar a carga emocional pesada de tudo que precisamos digerir ao refletir sobre o assunto:

FB_IMG_1430358865408Para finalizar, uma foto de um membro do Black Block que foi “capturado” pela PM do Paraná, em sua vestimenta característica de confronto com a polícia. Estes baderneiros… tsc… tsc… (ATENÇÃO, AVISO AOS INCAUTOS, PARA EVITAR COMENTÁRIOS INAPROPRIADOS: SIM, ISTO É UMA IRONIA)

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A tempo: no início da madrugada caí em uma postagem de Gustavo Lisboa que cita Brecht. Suas palavras caem como uma luva para encerrar este ato:

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.” – Bertold Brecht

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