Veremos… – lição zen acerca da impermanência
Ontem assisti ao filme Jogos do Poder (Charlie Wilson’s War), acerca da ajuda estadunidense ao Afeganistão para derrotar a URSS durante a Guerra Fria. Um bom filme, que nos faz perceber que a História não é uma só. A História são estratos, perceptíveis de forma distinta de acordo com o diferente posicionamento do sujeito em relação a um determinado fato. Interessa a distância do ocorrido, o fato de estar dentro ou fora do acontecido, a intensidade com que ocorreu e também a quantidade e veracidade das informações que efetivamente chegaram ao sujeito que percebe a História.
Mas, neste filme, quase ao final, uma pequena parábola zen é contada e ela ilustra com magna sapiência um fato corriqueiro, que acontece diariamente e transforma a vida de muitas pessoas em um inferno de ansiedade ou depressão por não estarem a par desta noção tão simples e verdadeira que é a impermanência de todas as coisas. Inclusive dos acontecimentos e da História. Ascensão e queda, aquele que está por cima pode muito bem amanhã estar por baixo.
Leia a conto zen com atenção e verifique por si só. Observação: esta não é uma tradução literal do diálogo do filme, mas tão somente a lembrança que hoje tenho do diálogo ouvido entre Charlie e sua assistente Bonnie:
Em um pequeno vilarejo, um menino ganha de sua família um lindo cavalo. Ao verem o belo presente dado ao menino, todos à sua volta exclamam:
– Que maravilha!
E o mestre zen: Veremos…
Passa se algum tempo e o menino, ao andar com seu cavalo, cai e quebra a perna. Todos lamentam:
– Que desgraça!
E o mestre zen: Veremos…
Depois de alguns anos, o país entra em guerra, e todos os jovens do vilarejo são convocados para a luta e acabam morrendo, exceto o jovem com a perna enferma. Ao que a família conclui:
– Que maravilha!
E o mestre zen: Veremos…
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