Apontamentos Anarquistas
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A evolução, a revolução e o ideal anarquista – Elisée Reclus
A Revolução é o movimento infinito de tudo o que existe, a transformação incessante do Universo e de todas as suas partes desde as origens eternas e durante o infinito dos tempos. Em Comparação com este fato primordial da evolução e da vida universal, o que são todos estes pequenos acontecimentos denominados revoluções: astronômicas, geológicas ou políticas? Vibrações quase insensíveis, aparências, poder-se-ia dizer. É por miríades e miríades que as revoluções se sucedem na evolução universal; mas, por mínimas que sejam, elas fazem parte deste movimento infinito. A Evolução, sinônimo de desenvolvimento gradual, contínuo, nas idéias e nos costumes, é apresentada como se fosse o contrário desta coisa assustadora, a…
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Distúrbio Eletrônico – Critical Art Ensemble
O termo que melhor descreve a condição social de hoje é liquidação. Os outrora inquestionáveis marcos de estabilidade, como Deus ou a natureza, caíram no buraco negro do ceticismo, dissolvendo a identificação fixa de sujeito ou objeto. Movimentar-se no tanque de poder líquido não precisa ser necessariamente um ato de aquiescência e cumplicidade. A despeito de sua situação difícil, o ativista político e o ativista cultural (anacronicamente conhecido como artista) ainda podem produzir distúrbios. Embora tal movimento possa assemelhar-se mais aos gestos de quem se afoga, e não esteja claro exatamente o que esta sendo perturbado, nesta situação o lance do dado pós-moderno favorece o ato de distúrbio. Para…
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Diego Abad de Santillán – A Alforria Final – Os objetivos da revolução social libertária
Estamos vivendo em plena decomposição geral de valores, em plena crise de instituições e de sistemas. Nada resiste à picareta demolidora dos tempos, e muito mais do que a crítica certeira e racional dos pensadores fizeram, nos últimos anos, os próprios acontecimentos em sua eloqüência grandiosa e brutal. É deplorável o espetáculo que nos oferecem certos povos que entranham possibilidades criadoras tão grandes e que, entretanto, se ajoelham submissos implorando um chefe, um caudilho, ou seguem alvoroçados os que lhe prometem rematar mais firmemente as algemas da escravidão. Os povos não têm confiança em si mesmos; não é culpa sua, está claro, mas daqueles que há séculos…