O Suspeito – Rendition (2008)
A trama de O Suspeito mostra um procedimento chamado “Rendição Extraordinária”, que ficou comum nos Estados Unidos após o atentado de 11 de setembro de 2001 que permite ao serviço secreto – CIA e FBI – organizar e executar a extradição involuntária de suspeitos de terrorismo sem a aprovação judicial.
O envio destes suspeitos para prisões em países sem a supervisão judicial americana provocou e – suspeita-se – provoca ainda a tortura, humilhação e violação física e emocional de centenas de indivíduos, subitamente cerceados de sua liberdade sem direito à defesa justa ou mesmo sem acesso a um advogado.
O filme mostra justamente esta realidade, agora interpretada por Alan Arkin, Jake Gyllenhaal, Meryl Streep, Peter Sarsgard e Reese Witherspoon.
Além do bom enredo, que mostra simultaneamente o drama de Isabella El-Ibrahimi (Reese Whiterspoon) tentando desesperadamente encontrar seu marido tendo que enfrentar o hipócrita sistema político norte-americano e, no Cairo, o relacionamento supostamente amoroso entre a filha do inspetor de polícia local e um jovem colega de escola – personagem aparentemente periférico que será a chave para desbaratar o suspense que se instala.
O jovem observador da CIA, interpretado por Jake Gyllenhaal, acaba também por mostrar (hollywodianamente) que o dever tem seu limite e a noção de justiça e humanidade devem sempre vencer a obediência cega à hierarquia. Um pouco difícil de acreditar, mas é Hollywood… Diversão acima de tudo.
A direção de Gavin Hood é competente e a sua decisão de incluir no DVD o documentário Outlawed: Extraordinary Rendition, Torture and Disappearances in the “War on Terror” produzido pela Witness, um grupo que usa vídeo e tecnologias online para abrir os olhos das pessoas à violação dos direitos humanos foi extraordinária. O complemento perfeito para o filme, que o torna ainda mais reflexivo e contundente.
Um filme feito por americanos mas que induz ao questionamento das escolhas que tem sido feitas pelos governantes desta nação tão poderosa mas ao mesmo tempo tão cruel.