De volta às metáforas
Em mais uma de minhas incursões ao mundo dos devaneios fecais, fui abduzido pela fantástica seção de Horóscopo de Caras (aquela em que os astros ficam fixos por uma semana inteira para você). Dizia por lá que, como o Sol estava em Câncer (o meu signo), era momento para deixar de lado o conservadorismo e o convencional para ousar. A criatividade estaria do meu lado. Mexa-se Rafael!
Lembro-me de alguns anos atrás, por volta de 1999 a 2002, onde minha criatividade era tamanha que não havia pedaços de papel suficientes para rascunhar tudo que passava, a cada instante, pela minha cabeça.
Sou (e sempre fui) um pessoa absurdamente inventiva. Na publicidade e propaganda sem dúvida me daria bem. A única forma que consegui “inventar” para parar de criar foi imergir no trabalho. Assim, a rotina e o cansaço acabam por efetivamente embotar minha criatividade. Com a sobrecarga de trabalho que me impus nestes últimos anos, consegui reduzir o número de metáforas – tão estimadas por mim – a um número que beira o nadir.
Uma volta às metáforas significa voltar a olhar o mundo com olhos de artista, com olhos de criança, com olhos de quem tem tempo para ler, para ler devagar. Com olhos e paladar de quem tem esperança no sabor das coisas e no cheiro da manhã e da grama cortada. Com olhos e ouvidos de quem já não mastiga MP3 mas voltou à paixão pela unidade em detrimento do milhar de megabáites. Com olhos e mãos que voltam a tocar o mundo como nunca deveriam ter deixado de tocar: com sinceridade e afeto absolutos.