Pouco mais que pão – Allan Robert P. J.
Estréia hoje com um convidado especialíssimo a Seção de Chefs Convidados do Caldeirão de Sabores. Não poderia ser ninguém mais ninguém menos do que o amigo Allan Robert J., atualmente morando em Piacenza na Itália, de onde a fera maneja com maestria seu blog Carta da Itália.
Captando com especial sensibilidade o espírito desta coluna, o Allan preparou um texto e uma receitas de outro mundo para estrear esta Seção, e não tenho mais o que fazer senão agradecer do fundo do coração pela atenção e carinho na confecção deste texto. Mas chega de papo e vamos ao que interessa: a receita do nosso Chef Convidado: Allan Robert J. Fala Allan!
Após ler o texto do próprio Rafael sobre ovos, refleti sobre a receita a apresentar e deduzi que de pouco serviria uma receita elaborada, com ingredientes difíceis de encontrar ou que custam o olho da cara. Seguindo o exemplo de simplicidade do Rafael, optei por uma receita que pode ser adaptada, modificada e variada, sem que isso interfira sobre o prato escolhido.
Na Itália, quando se quer falar bem de uma pessoa, costuma-se dizer “Fulano é bom como o pão”. Pão é uma coisa boa, que não pode fazer mal a ninguém; uma unanimidade positiva onde quer que se vá. O pão, sozinho, é capaz de matar a fome de qualquer um e é um alimento relativamente fácil de se fazer.
Estréia hoje com um convidado especialíssimo a Seção de Chefs Convidados do Caldeirão de Sabores. Não poderia ser ninguém mais ninguém menos do que o amigo Allan Robert P.J., atualmente morando em Piacenza na Itália, de onde a fera maneja com maestria seu blog Carta da Itália.
Captando com especial sensibilidade o espírito desta coluna, o Allan preparou um texto e uma receitas de outro mundo para estrear esta Seção, e não tenho mais o que fazer senão agradecer do fundo do coração pela atenção e carinho na confecção deste texto. Mas chega de papo e vamos ao que interessa: a receita do nosso Chef Convidado: Allan Robert P.J. Fala Allan!
Quando o Rafael me pediu para estrear a seção de chefs convidados fiquei lisonjeado. Logo comecei a imaginar que prato sugerir para esse inverno brasileiro, quais ingredientes usar, que vinho recomendar…
Após ler o texto do próprio Rafael sobre ovos, refleti sobre a receita a apresentar e deduzi que de pouco serviria uma receita elaborada, com ingredientes difíceis de encontrar ou que custam o olho da cara. Seguindo o exemplo de simplicidade do Rafael, optei por uma receita que pode ser adaptada, modificada e variada, sem que isso interfira sobre o prato escolhido.
Na Itália, quando se quer falar bem de uma pessoa, costuma-se dizer “Fulano é bom como o pão”. Pão é uma coisa boa, que não pode fazer mal a ninguém; uma unanimidade positiva onde quer que se vá. O pão, sozinho, é capaz de matar a fome de qualquer um e é um alimento relativamente fácil de se fazer.
O italiano costuma dizer que passou a “pão e cebola” quando quer ilustrar um período de dificuldades. Isso chega a ser mais que uma simples expressão idiomática, pois remete a tempos difíceis de quem enfrentou as grandes guerras, quando haver pão e cebola era já um luxo em determinadas regiões. Uma cebola que precisava ser suavizada pela água ou azeite e um pão nem sempre fresquinho.
A gastronomia conta muito sobre a cultura de um povo. Muitos pratos acabam deixando de representar apenas a cozinha pobre e vão parar nas mesas dos restaurantes mundo afora, como a bruschetta, cuja origem é a Itália central (a pronúncia correta é bruskêta). Prato do camponês da Toscana, Lazio e Umbria, no início não passava disso: uma fatia de pão amanhecido – mas não duro – de dois, três dias, aquecida em uma chapa sobre brasas e temperada com azeite de oliva, pimenta do reino e sal, e que servia de almoço aos pastores e vinicultores – que de sobremesa consumiam cachos de uvas. Já não era o “pão com cebola”, até porque, com o tempo, substituíram a cebola pelo alho.
É possível encontrá-la com outros nomes: Fettunta, na Toscana; soma d’aj, em Piemonte e panunto em outras regiões. Só está ficando difícil encontrá-la com a mesma receita em mais de um lugar. Portanto, o que define a “vera bruschetta” não são os ingredientes, mas o modo de prepará-la. A receita abaixo é uma das poucas que se pode encontrar na maioria dos bares, restaurantes e cervejarias.
Bruschetta al pomodoro
Pão Pugliese rotondo (o pão italiano que se encontra fácil no Brasil)
Alho
Tomate
Mozzarella
Manjericão
Sal
Pimenta do reino
Azeite extra virgem de oliva
Corte o pão em fatias de um dedo de espessura. Lave e corte os tomates e o manjericão; corte a mozzarella em cubinhos; descasque o alho e corte-o ao meio. Na falta de uma chapa – não use a grelha para que o carvão não interfira no aroma e sabor final – use uma frigideira. Aqueça-a bem e coloque a fatia de pão. Quando o pão estiver ligeiramente dourado, esfregue bem o alho nos dois lados e coloque-o num prato; tempere com um fio de azeite, uma pitada de sal e outra de pimenta do reino e cubra com o tomate, a mozzarella e o manjericão. Sirva ainda quente. Há quem prefira levar a bruschetta ao forno para fazer derreter a mozzarella. Experimente e decida como preferir. O importante é não deixar torrar o pão.
Além de tudo é um prato flexível. Você pode, por exemplo, cobrir o pão já quente e temperado com tomate e anchovas. Uma outra variação interessante: corte a julienne (em tirinhas finas) um pouco de pimentão amarelo, abobrinha e beringela, refogue ligeiramente em uma frigideira com pouquíssimo azeite extra virgem de oliva e use a mistura para uma bruschetta vegetariana. Prove a original, só com alho, sal, pimenta do reino e azeite de oliva e, depois, crie a sua própria receita. Você vai descobrir o que os camponeses italianos – e não só os camponeses – já sabem há muito tempo: pão puro é bom, mas bruschetta é melhor.
13 Comentários
Maitê Arantes
Allan não consigo acessar as receitas do programa de 13.30 horas pq? Pode na 2ªfeira vc passa novamente e pq não consigo entrar…sai no site que vc diz ,ainda vai colocar as receitas…bjosss
Milton Ribeiro
Incompetência
Tchê, me mudei e nem entro muito na internet. Um vinho? Para a bruschetta?
Olha, um Casillero del Diablo da Concha y Toro cairia bem… Super-bem. Mas que falar em comida e vinho quando estou com tanta fome, caramba!!!
Vou ali na cozinha. Há pão e vinho aberto. Vou me vingar.
Abraços.
Ana Maria
A receita parece fácil e eu estou salivando só de olhar as fotos. Acho que vou levar ao forno. Adoro mozzarella derretida. 🙄
Meire
Bravo Allan
Que delicia, acho que farei bruschetta para o jantar.
O Walter me perguntou o vinho, nao sou nenhuma “somalie”, mas com a bruschetta eu arriscaria um bom vinho rosso.
Meire
Yvonne
Receita de pão me deu uma enorme fome, rsrsrs. Vou fazer
Luma
😛 Mudei de navegador! Acho que agora vai!
Allan, apesar da simplicidade dos ingredientes, o carinho em contar a história do prato e mais a sua capacidade de explicação, farão com que uma pessoa que nada entende de cozinha, querer se arriscar. Entendo que o conceito do prato está no manejo, frescor dos ingredientes e capricho de apresentação. A fotinha me encheu os olhos! Estamos perto do jantar! E já sinto o paladar! Tenho todos os ingredientes aqui! hehehehe
Essa coluna vai ser um arrazo! Sucesso! Ah, e gostei da sua fotinha!:D Beijus, Luma
Allan
Rafael,
Segue o cometário da Luma, deixado no Carta:
luma said…
Allan, acho que é só comigo!
Fui no site e aparece uma coluna lateral. Em tudo que clico, fica carregando…carregando e nada aparece. Tem como passar o link permanente? Beijus, Luma
9:09 PM
Allan
Simples pão
Rafael,
Parece que o problema do pão foi resolvido. Confesso que prefiro comprá-lo pronto, mas pão italiano por aqui é o que não falta. 🙂
Muito obrigado pelo convite. Espero que os leitores provem e aprovem a receita – que é muito simples – e que os novos convidados cheguem logo.
Abração,
Allan
PS – Allan Robert P. J. Não tem “Jr”
🙂
claise
Parabéns
Parabéns Filhão…
Quantas idéias geniais brotam dessa cabeçinha, oi filho…Estou orgulhosa, sou tua fã nº1. Tudo muito lindo.Quanto ao pão italiano posso te mandar daqui de Santa Maria.
Beijooooos da mamãe que te adora.
Rafael Reinehr
Gostosa idéia…
Valter, que bom que o artigo lhe trouxe boas lembranças! Que isso se repita em outras situações em suas visitas por cá. Sua sensibilidade é tocante. Não esqueça que existe um espaço reservado para você em uma segunda-feira vindoura aqui no Caldeirão de Sabores, como Chef Convidado.
Aninha, segura o Valter, mas não muito firme! Esta receita do Allan é, além de tudo, saudável – quando ingerida com comedimento: tomates, a proteína do queijo (não exagerar pela gordura), mais o manjericão, tomate e alho sem contar o fabuloso azeite extra-virgem (cuidado para não usar azeite de oliva, que é pleonasmo!)… Vou aguardar seu relato sobre a aventura no maravilhoso mundo da bruschetta!
Beto, com que vinho? Eis uma doa pergunta! Acho que o amigo Valter conhece alguns enólogos de respeito, andei vendo pelos comentários do seu site. Será que o amigo Milton Ribeiro não conhece ou tem uma boa indicação?
Allan, tentei fazer sua receita antes de postar sua receita, pois queria ter uma foto da bruschetta após passar pelo forno, com o queijo um pouco derretido, que é como prefiro, mas não encontrei o pão italiano aqui em Araranguá. Acho que terei que ir a Criciúma, Florianópolis ou Porto Alegre, ou então fazer eu mesmo – o que é mais fácil e divertido! Vou procurar a receita, mas se você a tiver em mãos, faça o favor de me fornecer!
Adalberto Queiroz
Pão e vinho
Grazzie pela receita, Chef Allan e caro amigo Rafael.
Excelente idéia para pôr em prática.
Fica a questão: com que vinho?
Abraço fraterno do
Beto.
aninha-pontes
Rafael, que delícia de ler e desejar comer essa receita.
Só preciso começar a controlar o Valter, toda segunda tem comida boa por aqui?
Ele engorda com os olhos, e eu tenho que estar atenta.
Parabéns pelo quadro, imagine só se não vamos experimentar né?
Depois te contamos como o fizemos.
Um beijo prá vc e Carol.
valter ferraz
bruschetta by allan robert
Rafael,
estupenda idéia, Bravo!
A receita do chef Allan Robert não poderia ser a melhor escolha. Nosso inverno ainda no início e uma bruschetta para abrir o apetite.
Fez-me relembrar de meu falecido pai adotivo León Madrigani, italiano de quatro costados, calabrês de nascença, brasileiro de coração(enorme coração italiano, daqueles que choram, fala aos gritos e têm uma imensa bondade e generosidade desmedida).
Obrigado avocê pela recordação que me proporcionou, ao seu convidado pela maestria e simplicidade da receita proposta.
Está mais que anotada, reservada para aconfecção do prato.
Gracia tanti!