Seja a mudança que você quer ver no mundo – Mahatma Gandhi
Esta postagem é a quarta de 13 postagens da série Exercício de Escrita Criativa e Produtividade, que propus em 28 de junho último. Acompanhe todos os artigos, compartilhe – se achar interessante – e comente se houver algo a acrescentar.
Nesta semana, me comprometi a comentar sobre uma citação poderosa.
Quem me conhece, sabe que sou colecionador de citações. Crio algumas também, como por exemplo:
“A riqueza de um ser humano é medida à justa equivalência do tempo no qual ele está fazendo exatamente aquilo que quer fazer.”
– Rafael Reinehr, 13 de novembro de 2010
Tenho várias citações, frases e passagens que fazem muito sentido para mim. Veja algumas delas no texto Eu tive um sonho, que escrevi em 01 de janeiro de 2012.
Gosto muito também desta, de B. K Jagdish:
“Nossos pés deixam pegadas na areia do tempo. Se estivermos no caminho errado, muitos nos seguirão, desviando-se do que é correto. Quando pensamos que uma ação é só por aquele momento e esquecemos que ela deixa um rastro atrás de si, não estamos sendo responsáveis.
Todas as nossas ações afetam os seres humanos, dando-lhes alívio ou tristeza. Podemos fortalecê-los ou não. Podemos causar ferimentos ou curas. Podemos gerar conflitos ou resolvê-los. Podemos criar cataclismas ou algo nobre para a sociedade.”
Mas a que quero comentar hoje, é uma passagem que sempre me laça, e me ajuda a ver a pequeneza atual do meu ser. Ou do meu “estar”. Ela é atribuída a Mahatma Gandhi, e fala assim:
“Seja a mudança que você quer ver no mundo”
Nessa frase existem muitos sentidos sensacionais sendo sintetizados simultaneamente (perdoem pela aliteração!). Podemos depreender que, se quisermos mudar o mundo, devemos começar por aquilo que, em primeira e última instância temos acesso e – até certo ponto – controle: nós mesmos. Ela é um grito, um apelo pela coerência em nossas vidas e contra a hipocrisia. Ela nos convida a refletir sobre como estamos vivendo e se estamos aplicando na prática aquilo que professamos e que desejamos para o outro, para a Natureza.
Se você quer alcançar, caminhe.
Se você quer um mundo melhor, comece por ti. Abrace as tuas imperfeições e as lapide, de forma a te tornar uma pessoa melhor. Te tornando alguém melhor estarás, através do teu exemplo, inspirando aqueles ao teu redor a fazer o mesmo. Assim, estarás mudando o mundo, algumas pessoas por vez, algumas ações a cada tempo possível.
Ao longo da vida, passei por vários momentos em que desejei, profundamente, me tornar “a mudança que quero ver no mundo”. Só desejo não é o suficiente. Precisamos de uma dose extremamente grande de autodeterminação, perseverança e, muitas vezes, até da ajuda de outras pessoas, por mais paradoxal que isso possa parecer.
Sim, é possível adentrarmos um processo introspectivo de autoconhecimento e sairmos de lá “quase iluminados” mas, ao mesmo tempo em que isso gera “faróis” que podem ajudar a guiar a humanidade em meio às Tempestades, não é mais o que almejo para mim. Já tive essa fase, de buscar ser um “guru” que inspira multidões. Isso começou a passar quando tive o insight da Coolmeia (veja também aqui) – a percepção de que a verdadeira mudança, no tempo da minha existência, viria a partir de um esforço coletivo, e não de um ultradesenvolvimento individual.
Um texto que coaduna com esta minha forma de pensar foi escrito por Michel Bauwens, fundador da P2P Foundation, e pode ser encontrado aqui e aqui.
No país no qual resido atualmente, o Brasil, vivemos em um profundo estado de desesperança com a classe que desgoverna o país. Como anarquista, nenhuma novidade no front. A novidade é que mais pessoas perceberam o navio sem timão no qual estão navegando. Estar à deriva é algo delicioso, quando é feito de forma voluntária, por prazer e escolha própria. Não quando se espera uma certa ordem e um porto seguro para desembarcar. Entretanto, é justamente nestes momentos – de crise – que temos oportunidade de fazer alçar voo empreendimentos que transportam nossa visão de mundo – integrativa, sistêmica, dinâmica, ecológica e interdependente – a uma camada maior da população, estabelecendo um novo estrato de pessoas conscientes e prontas para, do seu modo e a seu tempo, subverterem a realidade atual que lhes oprime e a dialogar com um outro mundo possível, com perspectivas poderosas e libertadoras.
E não quero deixar passar este momento.
Deixei passar vários. Algumas possibilidades me passarão por entre os dedos, por falta de recursos econômicos, habilidades de comunicação e pelo fato de eu não contar com o dom da onipresença e da vida eterna (não enquanto ser vivo preso a esta estrutura material humana, pelo menos…).
Enquanto vivo minhas pequenas, diria até microrrevoluções – mudando e aprimorando minhas relações com as pessoas ao meu redor, preservando as que me elevam e fazem bem, e deixando de lado aquelas que me consomem, geram conflito e drenam energia vital que poderia estar sendo usada de forma positiva em prol do bem comum – sigo atento ao mundo “exterior”, absorvendo conhecimento e devolvendo-o modificado pelo prisma da minha visão.
Espero que minha tradução do mundo e da vida possa ser adequadamente internalizada e que eu possa me aproximar dessa coerência desejada e desejável: a de me transformar na mudança que desejo para o mundo.
Nesse ínterim, enquanto reflito sobre as mudanças que precisam ser feitas – no meu ambiente interno, na minha casa, comunidade de afinidade familiar, de amizade ou mesmo online e nos recônditos mais distantes do meu alcance ou mesmo visão – lembro de um texto que escrevi há 11 anos, quando o conteúdo de meus blogs que mantinha desde 2002 mais ou menos foram migrados para cá, para o reinehr.org.
Este texto se chama Um Processo, e fala, em essência, sobre mudança. E de lá, tiro uma auto-citação que nos lembra sobre algo muito importante: viver a dádiva do presente, do momento atual.
“A perspectiva de uma vida que deve ser vivida dia-a-dia já foi conquistada há algum tempo. Ainda resisto e teimo em, vez ou outra, programar demasiadamente o futuro. O futuro é agora.”
O futuro é agora. Me ajuda a revelar o colorido que existe por trás de cada ser humano?
“Mesmo o mais embotado ou desbotado ser vivente tem em si, ao menos de forma latente, um arco-íris. Por vezes não conseguimos enxergar isto nos outros ou inclusive em nós mesmos… Porque nem sempre as cores revelam-se facilmente.”
Seja mais uma vez bem-vindo(a) à série de 13 textos sobre Escrita Criativa e Produtividade. Toda segunda-feira, no http://reinehr.org nos próximos 3 meses.
Até breve, obrigado por me acompanhar até aqui.
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Segue a lista de todos os artigos da série e quando eles foram/serão publicados:
- Contar uma história pessoal (03 de julho): Qual é a coisa mais desconfortável para se escrever? O que é realmente difícil para o Rafael?
- Descrever um evento histórico (10 de julho): O Dia em que o Big Ben soou pela primeira vez
- Revisar um livro, filme ou disco (17 de julho)
- Comentar sobre uma citação poderosa (24 de julho)
- Deixar que uma grande foto me inspire (31 de julho) Estamos nos inspirando e contagiando pelo melhor que o humano tem a oferecer?
- Comentar sobre algo que está nas notícias (7 de agosto)
- Reportar sobre um diálogo interessante que tive (14 de agosto)
- Oferecer uma explicação passo-a-passo para fazer algo (21 de agosto)
- Oferecer uma lista de recursos (sobre algo interessante ou útil) (28 de agosto)
- Responder às questões da minha audiência (4 de setembro)
- Tornar uma tarefa aparentemente muito difícil algo fácil (11 de setembro)
- Explicar as razões que me fizeram tomar uma dada decisão (18 de setembro)
- Escrever um guia sobre algo popular (25 de setembro)