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Precoce
Minha infância durou pouco. Aos oito anos, apanhava do meu pai. Cedo, comecei a beber e sair com qualquer puta que se oferecesse. Passei a usar drogas cada vez mais fortes. Estive internado para desintoxicação por três vezes. Roubava para sustentar meu vício. Quando fiz nove anos, tudo mudou…
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Eduardo Galeano, em De Pernas Pro Ar – A Escola do Mundo do Avesso
“Caminhar é um perigo e respirar é uma façanha nas grandes cidades do mundo ao avesso. Quem não é prisioneiro da necessidade é prisioneiro do medo: uns não dormem por causa da ânsia de ter o que não têm, outros não dormem por causa do pânico de perder o que têm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos. Estamos condenados a morrer de fome, morrer de medo ou a morrer de tédio, isso se uma bala perdida não vier abreviar nossa existência.”