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Plantão EpE – Terri (Schindler) Schiavo II


versus

O assunto Terri Schiavo está gerando um debate quente na Blogosfera. As opiniões, como de costume em temas assim polêmicos divergem.

Leia aqui o que meu amigo Fábio Ulanin escreveu sobre o assunto, em um texto entitulado Mundo Escravocrata e depois, leiam abaixo minha resposta.

“Quem defende o aborto e a eutanásia deve, por coerência moral, apoiar os campos de concentração e os fornos crematórios.” Isso é forte demais. Não há nenhuma “coerência moral” ligando a defesa do aborto e da eutanásia com defesa dos crematórios de Hitler. Tenha cuidado com o que diz. Já tem pessoas reproduzindo suas palavras por aí… Outra coisa difícil de admitir em seu comentário é quando generaliza a ciência como um vilão que busca dominar todas as coisas e impor sua verdade. Isso não é verdade. Existem várias correntes buscando a explicação definitiva de todas as coisa e, somente este fato(o de que existem várias correntes) demonstra o fato de que a ciência não é tão absoluta assim (nem tem como almejar ser). Isso já foi até afirmado pela própria ciência. Pelo menos, nesta área (ciência), cede-se à Natureza e avança-se, se transforma a visão com o passar do tempo.

Para fazer comparações absurdas também sou bom. Comparo a matança na Inquisição por bruxaria (ora, BRUXARIA!)com a proibição que a Igreja Católica mantém contra o uso de preservativos. Opa! Sem falar na proibição de manter relações sexuais sem o objetivo de procriação. Alguém respeita esta última regra? Ou são todos hipócritas? Digo: é fácil falar assim, teoricamente, sem realmente ter acompanhado numerosas famílias em situação semelhante que, por desgaste extremo, anos de sofrimento mantendo a vã esperança do retorno à vida finalmente puderam decidir pela SUA PRÓPRIA VIDA e seguiram vivendo.

Existe uma confusão muito grande aqui pois não há como manter dialogo se não conseguimos SEQUER entrar em consenso sobre qual a definição de VIDA que tomamos. Para a religião católica, por exemplo, 32 células geradas a partir de um óvulo fecundado em proveta e uma pessoa com morte cerebral é considerada um ser vivo. para a Medicina não. Quem está certo? Talvez ambos, e seu ponto de vista deve ser respeitado. À religião o que é da religião e à ciência o que é da ciência. Acima disso, devemos respeitar o desejo individual de cada um. Nisso, religião nem ciência podem se intrometer.

Acontece que no caso específico (Schiavo), não houve uma definição clara pré-episódio que definisse o que seria feito no caso. Daí a briga entre um casal de católicos fervorosos e um marido desesperado (mas que também tem um ganho secundário financeiro com a passagem de Terri). Como já afirmei em meu blógue, no caso específico, eu seria favorável à manutenção da nutrição enteral para Terri, já que a família assim o queria. Mas, em linhas gerais, sou sim a favor da eutanásia e da ortotanásia, pois antes de religião ou ciência, acredito na liberdade de escolha de cada ser humano, que, para mim, encontra-se muito acima de qualquer determinismo místico ou religioso.

Rafael Reinehr é médico endocrinologista, anarquista, escritor, permacultor, ativista oikos-socio-ambiental e polímata ma non troppo.

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