Diálogos com Deus – Jesus e Nietsche
– Pai, olha só: estou lendo este livro “Ecce Homo” de Friederich Nietsche. Tem uma parte aqui que ele diz: “Eu não sou um homem, sou dinamite”. O que será que ele quis dizer, pai?
– Bem, meu filho, pelo que lembro da ocasião em que Nietsche disse isso, ele estava se recuperando de um período de enfermidade…
– A localização temporal e a situação de vida interferem na interpretação de suas palavras?
– Sim meu filho! Esta é uma lição muito importante! Não podemos separar as palavras de um homem de seu contexto histórico. Se as usarmos em um outro tempo, podemos estar incorrendo em grave falácia!
– Certo! Mas e sobre a dinamite?
– Como estava dizendo, Nietsche havia passado por algumas intempéries, após as quais mudou sua forma de encarar a vida e o mundo. Escreveu isso para que lembrassem que era um homem de contrastes em relação a realidade à sua volta. Estava pronto para destruir com tudo o que estivesse instituído. Daí, sua auto-denominação de “dinamite”.
– E ele realmente fez essas mudanças todas a que se propunha?
– Infelizmente, filho meu, pouco após redigir estas palavras, Nietsche pirou na batatinha e parou de falar coisa com coisa. Perdeu seu crédito daí por diante. Apesar de sua obra continuar sendo reconhecida até hoje, não pôs em obra suas idéias mais revolucionárias.
– Que triste, né pai…
– É meu filho… Às vezes, os homens não estão prontos para tantas mudanças em tão pouco tempo…
Notícias do Front
Amigos fortuitos que aqui chegaram por acaso e a meus 3 leitores assíduos, devo explicações: resolvi não dar continuidade a esta sessão que denominei Notícias do Front. Agradeço ao estímulo de quem me sugeriu seguir adiante, mas dois pensamentos me levaram a desistir: o primeiro, diz respeito ao fato de ser algo pessoal, aontecimentos do dia-a-dia relativos à minha pessoa; em um primeiro momento, achei interessante registrar aqui estes acontecimentos, nem tanto para torná-los de conhecimento público mas principalmente para ter um registro destes acontecimentos na forma de palavras escritas. Concluí que poderia deixar isto no meu disco rígido e não neste blógue. O segundo aspecto, diz respeito ao desânimo em si que me acometeu ao reler os escritos previamente postados. Carecem de toda e qualquer emoção e não acrescentam nada a ninguém, só “enchem linguiça” como dizemos por aqui.
Desta feita, queridos 3 leitores, digam adeus a esta famigerada e moribunda seção. Te enterro neste mesmo momento. E nada mais tenho a dizer.
Despertar
Quando as cores somem
Desaparecem como se nunca houvessem existido
Quando as luzes brilham
Mas não servem mais ao seu propósito
O vazio preenche todos espaços
Toma conta de tudo que resta
De tudo que sobrou, dos escombros
Agora em tons de cinza, escuro
Já não se ouvem passos, nem vozes
Somente um grito, surdo, ensurdecedor
Que me faz fechar os olhos
E ver coisas até então sem sentido
A distância agora consigo medir
Ela existe, e assusta
Tenho medo de não mais voltar
De não escolher o caminho certo
Sinto cheiro de café
E sinto necessidade de acordar
Deste sonho, que é uma vida
E viver, esta vida – que é realidade.
Isso aí em cima eu escrevi algum tempo atrás, enquanto estava nadando para longe de um amor perdido.
As imagens que acompanham os pôusts de hoje são da peça “A Serpente”, de Nélson Rodrigues, interpretada pela Cia. Retalhos de Teatro no Teatro Treze de Maio, em Santa Maria – RS, sob direção de Julieno Vasconcellos
PRÓXIMOS PÔUSTS: Da série: Diálogos com Deus – Deus e o Tratado de Kyoto (é só o que posso garantir…)