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Terça-feira, 15 de junho de 2004 – O Dia Depois de Amanhã

O filme que estreiou mundialmente em 28 de maio mostra as conseqüências de algo que sentimos em nossas vidas ano após ano: o aquecimento global derivado das emissões incontroladas de dióxido de carbono. No site do filme (www.thedayaftertomorrow.com), além de anteciparmos o que podemos ver na telona, podemos aprender como fazer para diminuir ou compensar nossa contribuição ao aquecimento global, diminuindo nossa produção individual de dióxido de carbono, no site Future Forests, lá indicado. É claro que o custo da façanha não é nada barato (US$ 514,93 por ano seria o custo estimado para neutralizar as 22 toneladas de CO2 que cada um de nós produz anualmente).

Quero deixar bem claro que esta idéia não é original: o grupo musical Pink Floyd, ícone de rock progressivo da década de 70 foi quem estabeleceu a vanguarda da proteção ambiental através da orientação sobre como compensar a emissão de gases tóxicos – a idéia do Carbono-Neutro. No site http://www.pinkfloyd.com/echoes.html os artistas convocavam seus fãs e a todos com sentimentos ecológicos a plantarem uma árvore em três áreas que o grupo havia comprado, no Canadá, na Índia e na Escócia. Ensinavam que todo cidadão, através do uso de automóveis ou ônibus, através da produção de lixo, utilização de eletrodomésticos contribui com muitos quilos de CO2 anualmente e, da mesma forma, quantos quilos de CO2 cada árvore plantada é capaz de transformar em O2. Desta forma, saberíamos quantas árvores cada pessoa deveria plantar para compensar o estrago que fazemos diariamente ao nosso ambiente. A proposta do Pink Floyd seria de que cada ser humano devesse tornar-se um Carbono-Neutro.

Voltando ao filme, que tem cunho futurista (e fatalista), mostra as conseqüências de algo que vem sendo aventado com mais intensidade pelo menos nos últimos 12 anos, após a história Convenção Eco-Rio 92, onde foram planejados alguns ditames a serem seguidos por nações ecologicamente responsáveis. Não é preciso dizer que, da teoria para a prática existe um lapso quilométrico e pouca coisa entrou realmente em ação. Outro marco na busca da redução da poluição atmosférica e do aquecimento global foi o Tratado de Kyoto. Segundo o mesmo, as nações assinantes deveriam se comprometer a reduzir em 5% a emissão de gases tóxicos até 2012 em relação a 1990. A questão é que os Estados Unidos da América, país que sozinho é responsável por 25% da emissão de gases poluentes de todo o planeta, na figura de seu atual presidente George Bush, se recusou a assiná-lo, gerando um impasse difícil de ser solucionado. A argumentação do presidente norte-americano seria a de que nenhum tratado pode reduzir a capacidade industrial norte-americana e assim possibilitar que o povo americano seja lesado economicamente.

O filme, do mesmo diretor de Independence Day, dá uma radical guinada do ufanismo quase doentio deste último em direção a uma bofetada sem luva de pelica na face do governo norte-americano, parece até iluminada pelo clarão ofuscante chamado Michael Moore.

Sem julgamentos de juízo, o filme é uma patada demolidora. Para os adeptos do anti-americanismo, a consagração. Para os moderados, apenas mais um filme de ficção científica. Só mais uma coisa: não deixe para ver em vídeo!

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