As 7 Camadas do Chocolate e da Vida
– Você come chocolate? Ah! Que bom! Qual chocolate?
Enquanto chocolates comuns, ao leite, estão em geral carregados de açúcar, gordura saturada e promovem o ganho de peso, o surgimento ou piora de diabetes, cáries e te fazem passar por uma montanha russa com um pico de energia e uma queda algum tempo depois, os chocolates amargos caminham no sentido contrário: ao possuirem maior quantidade de cacauína, são benéficos para o coração, fornece energia sem aquela queda chata depois, aumenta a saciedade, melhora o ânimo e e somam-se evidências de que também aumenta a capacidade cognitiva, ajuda a diminuir a pressão arterial e até melhora a saúde da pele.
Ainda assim, tanto o chocolate quando a vida, tem várias – se assim posso chamar – “camadas” que precisam ser avaliadas para que possamos compreender que mesmo que estamos escolhendo algo bom, podemos estar deixando de lado algo melhor ainda.
Vamos ver como isso funciona em relação ao chocolate? Abaixo, vou elencar uma lista de 7 Camadas do Chocolate, do “menos otimizado ao mais otimizado”, para demonstrar que quanto mais fundo e detalhadamente olhamos para um aspecto do chocolate (e da vida!), mais e melhores camadas podemos observar.
- Chocolate
- Chocolate amargo
- Chocolate amargo puro
- Chocolate amargo puro e isento de metais pesados
- Chocolate amargo puro isento de metais pesados e rico em polifenóis
- Chocolate amargo puro isento de metais pesados rico em polifenóis e oriundo do comércio justo
- Chocolate amargo puro isento de metais pesados rico em polifenóis oriundo do comércio justo com produção e distribuição sustentável
E a sua vida? Como tem sido baseadas suas escolhas? Pegas a primeira coisa que vê na sua frente? O critério de escolha principal é o preço? A facilidade de acesso? A descomplicação? Ou teus critérios são baseados em qualidade? Em durabilidade? Em lealdade? Na satisfação que algo lhe dá? Ou você tem um complexo e imbricado critério de escolha com múltiplos parâmetros que são calculados dentro do seu cérebro gerando um Índice de Preferência Pessoal?
Acredito que assim como na escolha da compra de um chocolate, de um vinho, de um carro ou na escolha de um cônjuge para dividir nosso tempo e envelhecer juntinhos (se é que essa for sua escolha!), sempre usamos mais de um critério, apenas temos alguns que falam mais alto.
O que eu quis trazer neste pequeno ensaio foi a reflexão sobre a profundidade e a granularidade dos aspectos que estamos avaliando para fazer nossas escolhas. Será que estamos incluindo critérios suficientes para que estejamos satisfeitos com as decisões que tomamos em nosso dia-a-dia, quer sejam elas corriqueiras ou decisões que podem mudar o rumo de nossas vidas?
Ter mais parâmetros de comparação e avaliação muitas vezes pode ser cansativo, mas é tão mais importante quanto maior o impacto da decisão em nossas vidas. Se essa mensagem for captada, cumpri minha missão.
Portanto, enquanto degustamos nosso chocolate, seja ele doce ou amargo, simples ou repleto de benefícios, deixemos que cada pedaço dissolva não apenas na língua, mas também nas camadas de nossa consciência. Que cada escolha feita, desde a mais banal até aquela que ressoa através dos anos, seja reflexo de uma mente que não apenas pondera, mas que também aprecia a riqueza oculta nas entrelinhas da vida. Não nos limitemos a escolher o que é fácil ou acessível; busquemos o que nos enriquece, sustenta e ressoa com o eco de nossos valores mais profundos.
Ao encararmos nossas escolhas como portais para mundos novos e melhores, sejam eles de simples momentos de prazer ou de grandes mudanças de vida, compreenderemos finalmente que o verdadeiro sabor de nossa existência não se revela no primeiro contato, mas sim na complexidade e profundidade com que nos permitimos experienciar cada aspecto dela.
Na próxima vez que uma decisão estiver à sua frente, pergunte-se: estou apenas alimentando um desejo imediato, ou estou nutrindo minha vida com escolhas que trarão sabor e significado duradouros? Que esta reflexão seja o chocolate mais requintado de sua jornada, aquele que se escolhe não com pressa, mas com a sabedoria de quem sabe que, na arte de viver, o melhor bocado é sempre o mais consciente.