Recursos Educacionais Abertos na Aprendizagem Informal e no Autodidatismo
“O objetivo da educação é aprender, não ensinar.”
Russel Ackoff
A maior parte das pessoas tem a maior parte de seus insights, constroem conhecimentos e competências fora da escola, da universidade ou de outros espaços formais de aprendizagem. E a maior parte do que aprendemos na escola, esquecemos rapidamente ou se mostra errado ou obsoleto em um curto espaço de tempo.
De forma aparentemente paradoxal, uma das formas mais eficazes de aprender é ensinar. É sempre aquele que ensina que apreende e aprende mais, de forma permanente. É aquele aprendizado que fazemos por gostar de um determinado assunto, é aquele no qual nos aprofundamos quando precisaremos dele na prática, para nosso uso diário ou para transmitir para mais alguém que fica indelevelmente “colado” em nossa memória.
Todos já experimentamos os dois lados da moeda: quando somos obrigados a estudar um determinado tema ou matéria para adquirir algum tipo de graduação imposta pelo sistema no qual vivemos e quando escolhemos aprender algo pelo bel prazer de saber mais sobre aquele assunto. E todos lembramos da sensação que experienciamos em uma e em outra situação.
Além disso, a educação compulsória se comporta como uma loteria compulsória, em que alguns ganham mas a maioria perde, pois o mercado de trabalho não absorve a totalidade dos estudantes e, se não bastasse, a Indústria do Diploma exige que cada vez mais seja necessário um grau mais alto para conseguir os mesmos resultados Isso tudo fez com que muitas pessoas abandonem o Monopólio da Educação pelas Instituições formais em busca de formas alternativas de aprendizagem.
Estas perspectivas criam um novos tipos de Aprendizes. São desbravadores natos de Recursos Educacionais Abertos. São os navegadores do Éter Universal em busca de Informação que é transformada em Conhecimento e de Conhecimento que pode ser transmutado em Sabedoria.
Esses novos e intrépidos visionários ou excluídos são a vanguarda de um movimento que ainda dá seus primeiros passos, mas já chega aos milhões. São aqueles que, inspirados pelo chamado de Illich, se deram conta de que “Somente uma revolução cultural e institucional que reestabeleça o controle do homem sobre o seu ambiente pode erradicar a violência pela qual o desenvolvimento das instituições agora é imposto por alguns poucos para o seu próprio interesse.” [1]
Podemos aprender de duas formas: “batendo a cabeça”, por conta própria, aproveitando inclusive nossos erros como aprendizado ou, alternativamente, aprendendo o que os outros querem que aprendamos. No primeiro caso, enveredamos para o auto-didatismo, para o alter-didatismo e para formas de educação mais informais ou não-formais. No segundo caso, escolhemos a educação formal, por todas as ofertas vistosas que ela nos faz – e cumpre – caso sejamos escolhidos pelo toque de Midas.
Os REAs na Educação Não-formal e no auto-didatismo permitem, entre outras coisas, a transformação de todos os lugares em uma escola. Não uma escola na acepção comum do termo, como um espaço em que professores e alunos se dividem hierarquicamente para então ocorrer a transmissão de conteúdo. Mas uma escola na qual prepondera o aprendizado distribuído, em que cada indivíduo é, ao mesmo tempo, um educador e um aluno, um aprendente. Existe um estímulo para se aprender com as coisas, com os lugares, com as pessoas (com todas as pessoas).
Como estabelecido na Carta das Cidades Educadoras, em Barcelona 1990 e depois ratificado em Bologna, em 1994: [2]
“Primeiro, investir na educação de cada pessoa, de maneira que esta seja cada vez mais capaz de exprimir, afirmar e desenvolver o seu potencial humano, assim como a sua singularidade, a sua criatividade e a sua responsabilidade.”
“Segundo, promover as condições de plena igualdade para que todos possam sentir-se respeitados e serem respeitadores, capazes de diálogo.”
“Terceiro, conjugar todos os fatores possíveis para que se possa construir, cidade a cidade, uma verdadeira sociedade do conhecimento sem exclusões, para a qual é preciso providenciar, entre outros, o acesso fácil de toda a população às tecnologias da informação e das comunicações que permitam o seu desenvolvimento.”
Segundo os princípios que derivam da Carta das Cidades Educadoras, utilizar a cidade como suporte para o aprendizado é um dos caminhos viáveis para nos tornarmos aprendizes de uma vida inteira. Partindo do conceito de uma cidade digital, em que todos tenham acesso livre à internet e às suas ferramentas educativas, vamos além e recorremos a outros instrumentos de aprendizagem que podem e devem ser abertos como museus, bibliotecas, roteiros turísticos, turismo comunitário e científico, acesso a laboratórios e centros de pesquisa, centros culturais, gastronômicos, oficinas e todos espaços em que o saber pode ser co-criado pelos indivíduos.
Muito do que se vê como educação ainda é derivado de um princípio centralizador, homogeinizador e vê educação como transmissão de conhecimento de cima para baixo. Em contraposição a este paradigma, surge o conceito de Edupunk, inspirado na cultura do Faça você mesmo. [3]
Derivam ou estão associados a este conceito uma série de noções cujo escopo deste artigo não permite aprofundar, mas que merecem ser citadas para fins de pesquisa ulterior: educação democrática, aprendizado auto-direcionado, educação centrada no estudante, desescolarização, escola livre anarquista, aprendizagem livre, educação popular, pedagogia crítica, pedagogia libertária, todos termos pouco ou nada abordados dentro da educação formal.
Neste caminho e nesta luta pelos REA em todas as instâncias, acadêmicas, formais e não-formais, estamos sempre em busca de uma sociedade mais convivial. Como dizia Illich, em Tools for Conviviality: “Uma sociedade convivial é uma sociedade que oferece ao homem a possibilidade de exercer uma ação mais autônoma e mais criativa, com auxílio das ferramentas menos controláveis pelos outros.” [4] E é justamente neste espaço – o Social – que acontecem as interações que nos caracterizam enquanto humanos. E é fora da lógica do ensino pré-formatado que acontecem as verdadeiras possibilidade de evolução. É no exercício da autonomia que se aprende a ser humano e não peça de uma maquinaria construída para servir a alguns. É na cosnciência da liberdade que podemos exercer a singularidade e não sermos normalizados pelos processos massificadores da educação que vem de cima para baixo, que serve para produzir “catálogos” de seres humanos para serem escolhidos por empresas e corporações com a finalidade de auferir lucro ao invés de produzir felicidade, bem-estar e qualidade de vida. Em última instância, é disso que tratam, também os Recursos Educacionais Abertos: possibilitar a qualquer pessoa que queira, ter acesso a materiais, métodos, ferramentas e informações relacionadas aquilo que se deseja aprender.
“Um bom sistema educacional deve ter três propósitos: dar a todos que queiram aprender acesso aos recursos disponíveis, em qualquer época de sua vida; capacitar a todos que queiram partilhar o que sabem a encontrar os que queiram aprender algo deles e, finalmente, dar oportunidade a todos os que queiram tornar público um assunto a que tenham possibilidade de que seu desafio seja conhecido.” [5]
Avançando no pensamento de Illich, ele escreve, no início da década de 70, que a mais radical alternativa para a escola seria uma rede ou um sistema de serviços que desse a cada homem a mesma oportunidade de partilhar seus interesses com outros motivados pelos mesmos interesses.
Hoje em dia, temos tecnologia mais do que suficiente para fazer chegar, a qualquer pessoa do mundo que esteja interessada em aprender, conteúdo gratuito através dos nossos sistemas de comunicação, caso houvesse esta vontade por parte de quem regula o acesso a estas ferramentas comunicacionais.
As Universidades, como tuitou recentemente Pierre Levy, já não tem mais o monopólio do conhecimento, apenas do diploma. Como nos lembra Augusto de Franco, o conhecimento não pode mais ser aprisionado, e os caminhos para ele são múltiplos. [6] Essa noção de que o aprendizado pode e deve ser distribuído, participativo e ativo está presente no conceiro de MOOCs, ou Massive Open Online Courses. [7]
Os MOOCs são Cursos Onlines Abertos fornecidos para dezenas, centenas ou milhares de pessoas ao mesmo tempo, através de uma plataforma online. É um curso que estimula a participação, é distribuído e fomenta o aprendizado continuado em rede durante a vida. De certa forma, é uma forma de conectar e colaborar em um ambiente digital ao mesmo tempo em que se engaja em um processo de aprendizado, é um evento em que as pessoas que se interessam por um dado tópico se reúnem em torno do mesmo para falar dele, debater, trocar experiências e conhecimentos.
Todas as discussões realizadas, o material produzido e o acesso ao curso são gratuitos.
O curso é distribuído, e todas as postagens de blog, de fóruns, respostas de vídeo, artigos, tweets e tags são colocadas em rede para criar o curso. Não há um “caminho certo” entre todos estes dados para fazer o curso, todos são válidos e o aprendiz define qual o melhor caminho para si.
Algo que já foi descoberto pelos pesquisadores das redes, mas ainda não está introjetado ou é percebido pelo senso comum, é que o poder não reside nas instituições, nem no estado nem mesmo nas grandes corporações. Ele está localizado nas redes que constituem a sociedade. Essa descoberta, quando organizada de forma biopolítica, mudará a configuração do que hoje conhecemos como sociedade, e o grande motor para esta mudança está justamente no aprendizado distribuído. [8] e [9]
George Siemens, um dos postulantes da teoria do Conectivismo, afirma que a educação formal é irrelevante para o aprendizado significativo, pois o aprendizado significativo significa estar envolvido de forma ativa com o processo de aprendizado. [10] Ao mesmo tempo em que é inegável o quanto a abordagem positivista e reducionista e o método científico contribuíram para o conhecimento que hoje temos das coisas, da mesma forma é inegável a falta de controle e a incapacidade desta mesma abordagem em religar todo este conhecimento em uma forma sistêmica e inteligível para grande parte da humanidade. A fragmentação do saber e a sua inacessibilidade se tornam mais uma moeda de troca na Sociedade do Conhecimento. Avançamos rapidamente para a noção de que o conhecimento não está mais tanto nos livros ou nas instituições mas sim nas pessoas com as quais nos relacionamos. Elas são o verdadeiro repositório dos saberes essenciais à nossa vida. Estamos experienciando, de forma acelerada, uma retribalização digital de nossas existências, onde as conexões que temos – e a riqueza dos saberes nelas contidas – e não o que sabemos de imediato, enquanto indivíduos, representam a verdadeira riqueza e sabedoria que podemos carregar conosco.
Vejamos a seguir alguns ótimos exemplos de como o mundo está sendo moldado por experimentos educacionais abertos nos mais variados campos de conhecimento humano:
Repositórios de Saberes:
Wikipedia – wikipedia.org [11]
A Wikipédia é talvez o melhor exemplo de como se pode produzir um conteúdo de forma cooperativa e mantê-lo acessível ao público, de forma livre e sustentável. Ela é um projeto de enciclopédia multilíngue livre baseado na web , colaborativo e apoiado pela organização sem fins lucrativos Wikimedia Foundation. Possui 19 milhões de artigos (712 851 em português em 06 de fevereiro de 2012) que foram escritos de forma colaborativa por voluntários ao redor do mundo e quase todos os seus verbetes podem ser editados por qualquer pessoa com acesso ao site. Em maio de 2011 havia edições da Wikipédia em 281 idiomas. A Wikipédia foi lançada em 15 de janeiro de 2001 por Jimmy Wales e Larry Sanger e tornou-se a maior e mais popular obra de referência geral na Internet além de ser utilizado em todo o mundo como referência para pesquisa escolar, a despeito das críticas sobre a acurácia de seu conteúdo. [12]
Knol – knol.google.com [13]
Knol é uma enciclopédia da internet, projeto da Google, cujo conteúdo é gerado pelos utilizadores, e com tópicos que variam de “conceitos científicos, a informação médica, de informação geográfica e histórica a entretenimento, de informação sobre produtos a instruções genéricas.”Foi anunciado publicamente em 13 de dezembro de 2007. As páginas do Knol pretendem “ser a primeira coisa que alguém que procure pelo tópico pela primeira vez vai querer ler”, de acordo com Udi Manber, vice-presidente da área de engenharia na Google. O termo knol, cunhado pela Google para significar “unidade de conhecimento (knowledge)”, refere-se tanto ao projeto quanto a um artigo no projeto.O site tem sido visto como uma tentativa do Google para competir com a Wikipedia. No dia 1 de maio de 2012 o Knol foi descontinuado, para que a Google possa priorizar produtos de maior impacto.
Uma das suas características principais era de que cada um dos artigos ou knols fosse criado e escrito completamente pela mesma pessoa. Uma vez que o nome do autor está destacado no artigo, algo que em outras enciclopédias online como a Wikipédia não ocorre, a Google acreditava que isso poderia incentivar a redação de knols por parte de especialistas nos temas, e que estes alcancem uma qualidade aceitável com poucas edições. Adicionalmente, permitia que múltiplos artigos ou knols pudessem ser criados para um mesmo tópico, o que estimula o desenvolvimento dos mesmos em termos de competência, para aumentar a qualidade.
Estimula-se a redação de knols completos e de qualidade, porque a comunidade de leitores podia comentar, avaliar, fazer perguntas e propor conteúdo adicional para os enriquecer.
A Google não actua como editor, já que a ideia e a responsabilidade pelo conteúdo de cada artigo cai por completo sobre o autor, que desta forma põe a sua reputação em jogo ao redigi-lo.
MERLOT – merlot.org [14]
A MERLOT é uma comunidade online gratuita e livre de recursos destinados primariamente para estudantes de ensino superior compartilharem seus materiais pedagógicos e de aprendizagem. É uma plataforma centrada no usuário, organizada através de coleções ou temas e também dispões de artigos revisados pelos próprios usuários, materiais de aprendizagem online que são catalogados por usuários registrados e revisados por uma equipe indicada por uma Comissão Editorial, com vistas a garantir a qualidade do material compartilhado.
Khan Academy – khanacademy.com [15]
A Khan Academy é uma organização sem fins lucrativos criada e sustentada por Salman Khan. Com a missão de “fornecer educação de alta qualidade para qualquer um, em qualquer lugar”, oferece uma coleção grátis de mais de 2.800 vídeos de matemática, ciência, ciências humanas, economia, física, entre outras matérias. Em 2010, a Khan Academy ganhou US$ 2 milhões do projeto 10 100 do Google, para ampliar os tutoriais e traduzi-los para outras línguas.
Atualmente, oferece ferramentas de gamificação, premiando os estudantes por aprenderem os conteúdos bem como fornece aos usuários e também a professores ferramentas para acompanhar o andamento de alunos. As aulas apresentadas podem ser usadas tanto em um ambiente formal de educação quanto em um sistema de educação domiciliar ou mesmo de forma completamente independente e autodidata.
Banco Internacional de Objetos Educacionais – objetoseducacionais2.mec.gov.br [16]
Este Repositório possui objetos educacionais de acesso público, em vários formatos e para todos os níveis de ensino. Os objetos podem ser acessados isoladamente ou em coleções.
Nesse momento o Banco possui 16.082 objetos publicados, 2.220 sendo avaliados ou aguardando autorização dos autores para a publicação e um total de 2.665.657 visitas de 170 países.
Apesar de ter sido desenhado para auxiliar a educação formal, nada impede que seja usado por qualquer indivíduo para buscar conhecimentos de forma autodidata. O Banco de Dados possui conteúdos em diversos formatos: Animação/Simulação, Áudio, Vídeo, Hipertexto, Experimento Prático, Imagem, Mapa e Software Educacional. Pode ser pesquisado em vários idiomas e também por nível de ensino.
Appropedia – appropedia.org [17]
A Appropedia é uma wiki criada com o objetivo de apresentar soluções colaborativas nas áreas de sustentabilidade, tecnologias apropriadas e redução da pobreza. Ao mesmo tempo, ela é uma plataforma de auto-aprendizagem acerca das técnicas ali apresentadas.
Na Appropedia se pode aprender sobre técnicas de bioconstrução, conservação de alimentos, extração de óleos vegetais em pequena escala, produção doméstica de energia, fogões solares e outras técnicas e soluções de fácil reprodutibilidade.
Repositórios do tipo “Aprenda a fazer por sua própria conta”
Instructables – instructables.com [18]
O Instructables é uma plataforma de documentação online em que pessoas compartilham o que fazem e como fazem, além de aprenderem e colaborarem com outros. Nele, você encontra tutoriais detalhados em texto, imagens e pdf sobre como fazer de quase tudo, desde como fazer um chapéu “Ataque de um Tubarão” [19], passando por como fazer um delicioso Onde Onde (sobremesa típica da Malasia) [20] até como fazer um gerador eólico que produza 1000W de potência [21].
Shred Academy – shredacademy.com [22]
A Shred Academy é um exemplo bem específico de como o autodidatismo pode se espalhar em várias áreas do conhecimento. Neste caso específico, a Shred Academy especializou-se em ensinar, com vídeos de alta qualidade, bastante detalhados e com ótima didática, sobre como se deve tocar guitarra.
Vários guitarristas-professores voluntariam seu tempo para compartilhar seus conhecimentos em aulas que variam desde conceitos mais básicos sobre tons e escalas até conhecimentos avançados, que há uma década atrás só teríamos acesso através da aquisição de complicados métodos de música oud e aulas particulares com professores ou conservatórios musicais.
Lifehacker – lifehacker.com [23]
O site do Lifehacker é uma coleção de dicas, truques e materiais para download sobre como fazer as coisas de uma forma eficiente, para melhorar a vida. É um site para a turma do “faça-você-mesmo”, o coração da aprendizagem informal e do autodidatismo.
Um local para aprender desde “como encontrar comida comestível e água potável na cidade”, passando por “como permanecer seguro durante um desastre”, até “como começar a entrar em forma com 20 minutos por dia”.
Bibliotecas Livres
AAAAARG.ORG – aaaaarg.org [24]
AAAAARG é uma plataforma de conversação que funciona como uma escola, como um grupo de leituras e como um jornal, dependendo de como você interage com ela. Foi criada com a intenção de desenvolver um discurso crítico fora de uma estrutura institucional. Entretanto, ela é construída em cima das arquiteturas já existentes, ou seja, ela se apropria de publicações e construtos já publicados e os utiliza de forma a liberar espaços e instâncias de comunicação e saber.
Em outras palavras, utiliza todo e qualquer tipo de conteúdo que seus membros julgam apropriados para a auto-aprendizagem e se apropria deles, independente de possuirem ou não copyrights. Em função disso, o antigo site aaaarg.org foi fechado por determinação judicial, surgindo em seu lugar quase instantaneamente o aaaaarg.org, ainda disponível online e crescendo. Talvez seja uma das melhores bibliotecas de “literatura crítica” atualmente disponíveis, com conteúdo na íntegra.
The Anarchist Library – theanarchistlibrary.org [25]
Uma biblioteca online que visa compular todo conteúdo digitalmente disponível no que diz respeito a livros, ensaios, histórias e artigos sobre o pensamento anarquista. Utilizam-se somente de softwares livres e formatos abertos, além de oferecerem uma ferramenta chamada de Book Builder, que permite aos usuários criarem seus próprios livros com o conteúdo que selecionarem da biblioteca.
Ambientes e Plataformas que favorecem a Livre Aprendizagem Online
UDEMY – udemy.com [26]
Udemy é a “Academia de Você” (“youdemy”, em inglês). Ela possibilita que qualquer pessoa possa aprender ou criar cursos online. O objetivo da plataforma é democratizar a educação e permitir que qualquer pessoa possa aprender com especialistas renomados ou auto-entitulados e também compartilhar seu conhecimento. Os professores ou instrutores podem usar vídeos, slideshows, pdfs, audio, arquivos zip e aulas ao vivo para construir um curso e compartilhar seus conhecimentos.
Os estudantes podem fazer cursos dentro de áreas variadas como negócios e empreendedorismo, artes, saúde, línguas, música, tencologia, economia e outros.
A maior parte dos cursos é gratuita, mas alguns são pagos, e o valor varia na faixa entre 5 e 250 dólares.
The Faculty Project – facultyproject.com [27]
Professores de várias universidades renomadas terão seu conhecimento compartilhado gratuitamente a partir deste projeto. Todos cursos serão gratuitos com inscrições abertas para qualquer um com uma conexão à internet, via computador, tablets ou smartphones.
Os cursos são dados através de vídeos ou slideshows narrados pelos professores, e contam com um sistema de comentários, um fórum e um sistema de avaliação das aulas, possibilitando a interação entre os usuários e os instrutores.
Academic Earth – academicearth.org [28]
O Academic Earth foi criado para levar conhecimento gerado dentro de Universidades pelo mundo para todas as pessoas. Aulas tradicionais, dadas dentro das universidades, são registradas em vídeo e compartilhadas como REAs para quem tiver acesso ao portal. Universidades como Berkeley, Columbia, Georgetown, Harvard, Michigan, MIT, Princeton, Stanford, UCLA e Yale estão entre algumas que fazem parte do projeto.
Assim como em tantos outras iniciativas que estão liberando conteúdo gratuitamente pela internet, no Academic Earth perguntaram-se quais são as barreiras que impedem uma educação global de qualidade. Para resolver a questão, propuseram-se a construir um ecossistema educacional que possibilite aos usuários pelo mundo a facilmente encontrarem, interagirem e aprenderem com cursos e aulas em vídeo de professores de grandes Universidades. Seu objetivo é concentrar em um lugar este conteúdo e criar um ambiente o qual seja muito fácil de usar e no qual as contribuições dos usuários tornem o conteúdo existente cada vez mais valioso.
P2PU – p2pu.org [29]
A P2PU é um ambiente de aprendizagem online em que podemos aprender com outras pessoas, de forma gratuita.
Na P2PU as pessoas trabalham juntas para aprender um tópico em particular, completando tarefas, observando e avaliando trabalhos individuais e em grupo e oferecendo uma retroalimentação construtiva.
Ela tenta fornecer um modelo de estudo continuado apesar e além da educação formal terciária, utilizando a internet e materiais educacionais amplamente disponíveis online, além de buscar criar um sistema de acreditação baseado nos “peers”. Assim como nas comunidades open source, os participantes de um grupo de aprendizagem oferecem avaliações uns aos outros, revisando e melhorando o trabalho de cada um. Parceiros de curso irão acessar o trabalho uns dos outros e a P2PU irá conferir certificados para sinalizar que uma pessoa concluiu um determinado curso. Isso será feito a despeito da valoração por parte de “certificadores oficiais”, fazendo com que, pelo menos por ora, os certificados da P2PU sejam mais “trabalhos de arte” do que “graus de acreditação”.
OCW – Open Courseware
OpenCourseWare, também identificado com a sigla OCW, é um termo aplicado aos conteúdos, gerados pelas universidades, e compartilhado livremente para todos pela internet. O movimento OCW foi liderado pelo MIT em outubro de 2002 pelo lançamento do MIT OpenCourseWare.
A partir deste movimento do MIT, várias outras universidades começaram a criar os seus próprios projetos OCW. Hoje já existem mais de 200 universidades do mundo trabalhando neste novo conceito de liberar o conhecimento gerado na academia para todos. Uma perfeita socialização do conhecimento disponibilizando-o tanto para professores, alunos e autodidatas do mundo todo.
De acordo com o OCW Consorcium solicita-se que alguns requisitos sejam seguidos, tais como:
- Não pode ter fins comerciais;
- Deve incluir uma referência à instituição que o publica originalmente e, caso seja procedente, o nome do autor do material;
- O material resultante do uso do OCW deve ser livre para utilização por terceiros e ficará sujeito a estes mesmos requisitos.
O MIT OCW [30] é uma plataforma que fornece gratuitamente anotações de aulas, provas e vídeos do MIT. Não requer nenhum tipo de registro para acessar e é aberto ao mundo.
Oferece materiais de cursos dados no MIT que refletem quase todos os assuntos de graduação ensinados no MIT, sem no entanto oferecer qualquer tipo de grau ou certificação, tampouco acesso às dependências das faculdades do MIT ou ao conteúdo completo dos cursos. Permite a cada usuário que acompanhe os materiais no seu próprio ritmo.
Segundo informações do próprio MIT, cada curso que é publicado requer um investimento de 10 a 15 mil dólares para compilar o material, garantir um licenseamento adequado para o compartilhamento aberto e formatar os materiais para distribuição global. Cursos com materiais em vídeo custam cerca de duas vezes mais.
No Brasil, a FGV é a primeira Instituição de Ensino brasileira a apresentar um projeto OCW.
Seguem algumas referências de alguns dos diversos OCWs disponíveis atualmente:
- MIT OpenCourseWare
- FGV OpenCourseWare
- Unicamp OpenCouseWare
- OCW Universia
- Stanford University OpenCourseWare
- Utah State University OpenCourseWare
- Tufts University OpenCourseWare
- Delft University of Technology OpenCourseWare
- Academic Earth
- OER Commons
- Students for Free Culture
- Promoting Free Online Education
- Learning Social Network
- UMass Boston OpenCourseWare
Essa tendência parece só estar crescendo. Cada vez mais Universidades estão oferecendo cada vez mais cursos de forma livre e gratuita. Recentemente foi publicada uma lista com mais de 400 cursos gratuitos disponíveis [31], oferecidos por Universidades de renome, em áreas tão diversas como Arqueologia, Arquitetura, Arte e História da Arte, Economia, Cinema, Geografia, História, Jornalismo, Direito, Saúde Pública, Literatura, Música, Filosofia, Ciências Políticas, Relações Internacionais, Sociologia, Astronomia, Química, Medicina, Biologia, Ciências da Computação, Inteligência Artificial (e a lista não para)…
iTunesU – apple.com/education/itunes-u [32]
O iTunes U é um serviço da Apple que permite a educadores de Universidades ou Escolas desenhar e realizar cursos completos em áudio, vídeo, livros, apresentações, pdfs, livros em formato epub e outros conteúdos e distribuí-los de forma gratuita para seres acessados por estudantes e aprendizes de todos os lugares, acessíveis através de aplicativos para os produtos da Apple e mais recentemente para produtos Android, tornando-os assim Recursos Educacionais Abertos.
Os cursos podem ter um índice, quizzes e outros questionários. O material enviado é hospedado pela Apple e disponível a qualquer um com acesso a web. O material pode ser compilado de seu arquivo pessoal, da internet ou de um bando de dados da própria iTunes U, incluindo mais de 500 mil arquivos em audio e vídeo de musus, universidades, instituições culturais e outras fontes.
Atualmente já se encontram cadastrados materiais de universidades como Stanford, Yale, Oxford e Berkeley, entre outras e de instituições como o MoMA e a Biblioteca Pública de Nova Iorque.
Ambientes e Plataformas que favorecem a Livre Aprendizagem Presencial
School of Everything – schoolofeverything.com [33]
A “Escola de Tudo” é mais uma plataforma que permite a professores, organizações e indivíduos compartilharem conhecimento, muitas vezes de forma gratuita e outras de forma paga.
Não existe nenhum tipo de parâmetro pré-estabelecido, e você pode encontrar aulas sobre assuntos tão variados quanto yoga, artes marciais e criação de jóias. Entretanto, diferente de outros sites, ela não é uma plataforma de e-learning: ela apenas facilita o encontro de pessoas, ela funciona como um ponto de encontro entre quem quer aprender e quem tem algo a ensinar e promove encontros reais entre as pessoas.
Ao se cadastrar, informa-se quem você é, quais são os seus interesses e o site ajuda a encontrar professores e aulas perto de onde cada pessoa mora. Da mesma forma, o site ajuda a professores a acharem alunos para aquilo que gostariam de ensinar.
A inspiração para a Escola de Tudo foi a Free U, na Califórnia. Reza a lenda que em 1960 um grupo de pessoas colocou uma folha em branco em um quadro de notícias pedindo o que as pessoas poderiam ensinar e uma vez que os assuntos foram listados e existiam pessoas suficientes para cada um dos assuntos disponíveis eles organizavam as aulas.
Totalmente de acordo com o espírito do autodidatismo e do aprendizado informal, eles acreditam:
1. Que todos tem algo a ensinar
2. Que todos tem algo que podem ensinar a alguma outra pessoa
3. Que todos tem sua própria forma de aprendizado
4. Que é melhor aprender da forma que gostamos. Nós sabemos o que nos cai melhor.
5. Aprender é melhor com amigos.
6. As pessoas são brilhantes, inspiradoras, generosas e espertas. Estar com outros torna mais fácil e divertido aprender mais.
7. Você não deve parar nunca de aprender.
8. Você pode continuar aprendendo independentemente da sua idade, muito além de seus dias de escola.
9. A educação não deve ser cara.
10. Com um pouco de ingenuidade você pode aprender coisas novas sem gastar toneladas de dinheiro.
11. Todos os sujeitos são importantes.
12. Aprender é aprender, e aprender é bom. Saber como consertar um plug é tão valoroso quanto entender funções trigonométricas inversas.
13. Qualificações são supervalorizadas.
14. Uma boa educação é sobre as coisas que você aprender pelo caminho, não um pedaço chique de papel.
15. O mundo real é melhor do que a internet.
16. Afaste-se do seu computador, por favor. Sair e tentar coisas novas é melhor do que ficar sentado em frente ao computador o dia inteiro.
Trade School – tradeschool.ourgoods.org [34]
Na “Escola das Trocas“, cada conhecimento passado é trocado por algo que pode ser oferecido. É também um exercício prático de economia solidária, em que se pratica a sabedoria, o respeito mútuo e a natureza social das trocas.
Ao invés de trocas simples entre produtos e coisas, a Trade School favorece trocas entre conhecimento e coisas ou serviços. O primeiro ciclo de aulas aconteceu em março e abril de 2010, e mais de 800 pessoas participaram de 76 aulas, que variaram de como iniciar uma compostagem a como viver como ghost writer. Em troca das instruções, os professores receberam de tudo um pouco, desde sapatos de corrida, CDs, cartas a um estranho e queijo cheddar.
Em resumo, é um espaço de convivência em que o conhecimento é o centro das atenções, mas em que as pessoas se reúnem em torno dos interesses e paixões comuns que compartilham com outros.
The Public School – thepublicschool.org [35]
The Public School é uma escola sem currículo. Bastante inspirada no modelo de Teias de Aprendizagem proposto por Ivan Illich, ela funciona da seguinte forma:
Primeiro, as aulas são propostas pelos usuarios (eu quero aprender isso, ou eu quero ensinar aquilo); então, as pessoas podem se cadastrar para as aulas (eu também quero aprender isso); finalmente, quando pessoas suficientes tiverem expressado seu interesse, a escola acha um professor e oferece uma (ou mais de uma) aula sobre o assunto proposto para aqueles que se cadastraram. Funciona, assim como a School of Everything e a Trade School, no nível local, com encontros presenciais.
A The Public School não é uma escola acreditada, não fornece diplomas, não tem afiliação com o sistema educacional formal. Apenas é uma plataforma que dá suporte a atividades autodidatas, operando de acordo com a assunção de que tudo está em tudo.
Atualmente, existem instâncias da The Public School em Berlim, Bruxelas, Durham, Los Angeles, Nova Iorque, Helsinque, Filadélfia e San Juan. Muito aprendizado pode ser tomado a partir das referências deixadas nos comentários das aulas propostas e seria muito interessante se os encontros e os grupos de estudo fossem registrados em formato de áudio ou vídeo.
Nós Vc – nos.vc [36]
O Nós.vc é uma plataforma de intermediação de aprendizagem, parecida com o The Public School, entretanto com a intermediação organizada pelos administradores do site e os cursos pagos pelos usuários que querem aprender algo. Para inaugurar a tendência, cunhou-se o termos crowdlearning, ou seja, uma plataforma que agrega pessoas com interesses de aprendizagem comuns e tem seu desejo atendido através da plataforma.
Ambientes de co-criação de saberes
Adote um parágrafo – adoteumparagrafo.pbworks.com [37]
Adote um parágrafo foi um projeto aberto para traduzir para o português e disponibilizar na rede textos sobre comunicação e internet desenvolvido por Juliano Spyer.
A idéia foi inicialmente proposta pelo Twitter em 24 de março de 2009 como um experimento. No dia seguinte os 31 parágrafos estavam traduzidos e o texto, pronto para ser publicado. Este wiki é uma continuação dessa proposta para verificar se é possível fazer essas traduções regularmente e criar um repositório online (aberto, obviamente) desse conteúdo.
No momento encontra-se parado mas pode ser reativado ou replicado.
Ferramentas de busca e agregação
Class Central – class-central.com [38]
Class Central é um agregador dos OCW disponíveis em Stanford, MIT e na Udacity, com o intuito de centralizar a oferta de cursos e facilitar ao aprendiz a escolha do que ele realmente deseja cursar. Como todos os demais, não oferece nenhum tipo de crédito universitário, apenas conhecimento gratuito advindo de uma Universidade conceituada.
Ambientes de inspiração
TED – ted.com [39]
O TED é uma organização sem fins lucrativos dedicado a Ideias que merecem ser espalhadas. Iniciou em 1984 como uma conferência fazendo convergir pessoas de três mundos: Tecnologia, Entretenimento e Design. Desde então seu foco se tornou cada vez mais amplo e, além das 2 conferências anuais, em Long Beach e Palm Springs em cada primavera, e uma conferência global em Edimburgo a cada verão, o TED possibilita a criação de TEDx, eventos descentralizados organizados sob o mesmo modelo de conferência, com cerca de 18 minutos ou menos para cada apresentador falar sobre sua ideia, seu projeto e sua vida.
Todas as apresentações são então compiladas, é feita uma tradução em várias línguas e disponibilizada na forma de subtítulos juntamente com os vídeos, que são distribuídos sob uma licença Creative Commons BY-NC-ND, de forma que possam ser compartilhados e postados em outros lugares.
TED-Ed – http://www.youtube.com/user/TEDEducation [40]
É uma campanha do TED que solicita professores a compartilharem suas melhores aulas. Depois de selecionadas, as aulas passam por um processo de animação e são aprimoradas antes de passarem a ser usufruidas publicamente. É uma espécie de espaço para capturar e amplificar a voz dos melhores professores do mundo, com a curadoria dos usuários da internet e por todos aqueles interessados em educação, que podem indicar estes professores e difundir suas aulas.
Comunidades de Criação e Compartilhamento de REAs
Le Mill – lemill.net [41]
A Le Mill é uma comunidade internacional dedicada a encontrar, criar e compartilhar recursos educacionais abertos. Funciona como uma rede social e apresenta Conteúdos, Métodos e Ferramentas baseados em REAs.
Escola de Redes – escoladeredes.net [42]
A Escola de Redes é um espaço para aprendizagem sobre redes sociais, relações não hierárquicas e criação e transferência de tecnologias de animação de redes. Como diz Augusto de Franco, seu idealizador: “A escola é a rede”.
A Escola de Redes apresenta uma série de documentos, textos, artigos e livros para download e leitura online, bem como promove discussões e debates sobre assuntos relacionados ao tema Redes.
Neste momento, está em processo de instalação de espaços físicos de co-criação, denominados de Dojo-Nave.
Open Source Ecology – opensourceecology.org [43]
O Open Source Ecology é uma rede de fazendeiros, engenheiros e apoiadores que estão desenvolvendo um “Kit de Construção de uma Aldeia Global”. Também chamado de GVCS (Global Village Construction Set), este Kit é um plataforma de alta performance modular, de baixo custo, estilo faça-você-mesmo que permite a fabricação de 50 Máquinas Industriais diferentes, que objetivam construir uma pequena e sustentável civilização com os confortos da modernidade.
Entre as ferramentas que estão sendo desenvolvidas e ensinadas estão um, uma impressora 3D, um gerador de calor, um scanner 3D, um gerador eólico de 50kW, um modelador de plásticos e um automóvel, todos open source, ou seja, com seus “códigos livres” para poderem ser replicados, a baixo custo.
Nuvem de Soluções – nuvem.coolmeia.org [44]
A Nuvem de Soluções é uma rede social criada em torno de um banco de dados de tecnologias sociais e de tecnologias de aprendizagem autônomas a serem apropriadas por indivíduos, coletivos e organizações para um processo de mudança social, ambiental e cultural.
Apresenta iniciativas pautadas pelo pensamento convivial e solidário, buscando a criação de Capital Social e Bem Comum, gerando justiça social e ambiental, resiliência comunitária e sustentabilidade planetária, através do compartilhamento, aperfeiçoamento e criação de modelos, técnicas, ferramentas e atitudes que reproduzem os princípios elencados anteriormente.
Os indivíduos que constituem a rede pesquisam e adaptam soluções que promovem regeneração social, ambiental e inovação ou preservação cultural, compartilhando os resultados de suas pesquisas, impressões e práticas, além de usarem a rede como ferramenta de comunicação para a aplicação em suas comunidades das estratégias e modelos aprendidos.
“Você não pode ensinar nada a ninguém. Você apenas pode ajudá-lo a descobri-lo dentro de si mesmo.”
Galileu Galilei
Os exemplos não param por aí. Poderíamos produzir um livro tão somente com exemplos de espaços atualmente disponíveis para um ser humano aprender por conta própria ou com auxílio de seus pares, sem necessitar de nenhuma instituição formal. Como toda lista, ela não pretende elencar todas iniciativas que estão revolucionando a forma de aprender de forma livre e aberta hoje.
Se deseja compartilhar alguma iniciativa que você acredita que deva ser lembrada , fique à vontade para incluir novas iniciativas na página wiki do REA-Brasil, no endereço http://reabrasil.wikispaces.com/Recursos+Educacionais+Abertos+na+Aprendizagem+Informal+e+no+Autodidatismo (ou )
E o futuro? Ao que tudo indica, o novo se transforma mas não necessariamente substitui o velho. É chegada a vez dos REA, cada vez mais usados e disseminados. A Educação se torna construtiva, combinatória e aberta, bem como o seu próprio futuro.
Para ilustrar a dinamicidade do mundo atual, enquanto concluo este texto, em um canto do planeta, Howard Rheingold está tentando organizar a literatura atualmente disponível sobre “peeragogy”, ou seja, a pedagogia do alterdidatismo, sobre como podemos aprender de forma auto-organizada com nossos pares [45]. Em outro canto, pesquisa-se como um aprendiz escolhe conectar-se com outros aprendizes de forma a criar sua rede pessoal de aprendizado [46]. Propostas ainda inovadoras, como a Sala de aula invertida, ou Flipped Classroom, prometem ser ainda experimentadas, favorecendo uma espécie de “reforma” ou “revitalização do sistema escolar atual. [47] Nesse modelo, os alunos aprendem em casa e fazem as atividades e tarefas na Escola, com uma orientação posterior sobre aquilo que aprenderam. O professor não é mais o centro do aprendizado, mas aquilo que os jovens, por conta própria, decidem como as melhores ferramentas para aprender por si mesmos.
Esses são apenas alguns esboços do mundo que o aprendizado distribuído, em rede, gerido pelos próprios aprendentes está ajudando a construir. Uma miríade de possibilidades está nascendo das experimentações autônomas de indivíduos em uma sociedade cada vez mais conectada mas também sobrecarregada de informações.
Nunca foi tão difícil realizar um exercício de futurologia e saber o que vem por aí.
Como dito anteriormente, as habilidades necessárias para navegar satisfatoriamente pelo mundo atual não necessariamente passam pelos saberes transmitidos na educação formal. Captar o pensamento emergente, extrair padrões, regras e protótipos das experiências vividas; buscar significados, a verdade, a pertinência, objetivos e metas; interpretar e usar adequadamente os símbolos, sinais, a arte e o design para fazer as coisas e ver além; descrever, definir, elaborar conclusões e explicar os dados; exercitar uma sensibilidade ecológica, a colocação de algo dentro de seu contexto, perceber o sentido das coisas, viver a mudança, ter compreensão do fluxo, a adaptação e a progressão das coisas, todas são coisas que podemos apreender sem um aprendizado formal, nos lembra Stephen Downes. Mas todos estes saberes e sentires requerem de cada um algo que parece estar em falta nos dias de hoje: atenção e paixão. Foco para definir o que se quer buscar e e desejo real para ter a perseverança necessárias para conquistar o que se almeja.
Em 1946, Viktor Frankl escreveu seu famoso livro “Em Busca do Sentido” [48], no qual nos exortava a perceber que, quando não temos um horizonte a perseguir, é muito mais fácil quedarmos às vicissitudes da vida, e a alegria e contentamento em viver mais facilmente dão lugar à apatia, à tristeza e mesmo ao desespero. É talvez nesse sentido que Eduardo Galeano se refere à busca das utopias, aquelas instâncias do viver e do sonhar que nos fazem voar alto e nos fazem sentir vivos e humanos:
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
E é também nesse sentido que temos que entender os Recursos Educacionais Abertos: como uma ferramenta de aprendizado em constante diálogo com a Natureza e com os construtos da humanidade. Inextricavelmente ligados, seguem em um processo histórico e dialógico que não pode ser congelado ou encerrado em matérias, campos de conhecimento estáticos, disciplinas e outras categorizações artificiais que estão longe de conseguir representar a visão sistêmica e viva do Mundo. É tão somente a partir de uma relação sempre aberta, permeável e em rede entre conhecimentos e seres desejantes de saber, aprendendo a respeitar a multiplicidade de saberes não formais que se inserem na realidade das relações humanas, que poderemos caminhar juntos enquanto seres sociais que somos.
Há ainda algumas equações a resolver, mas quem sabe o companheiro aí do lado não tem uma parte da resposta?
Referências:
[1] Ivan Illich – Sociedade Desescolarizada – http://reinehr.org/anarquia-e-escritos-libertarios/apontamentos-anarquistas/ivan-illich-sociedade-desescolarizada
[2] Carta das Cidades Educadoras – http://www.fpce.up.pt/ciie/OCE/docs/Cartadascidadeseducadoras.pdf
[3] Edupunk – http://en.wikipedia.org/wiki/Edupunk
[4] Tools for Conviviality – http://opencollector.org/history/homebrew/tools.html
[5] Ivan Illich – Sociedade Desescolarizada – http://www.preservenet.com/theory/Illich/Deschooling/intro.html
[6] Augusto de Franco e Nilton Lessa – Multiversidade – Da Universidade dos anos 1000 à Multiversidade dos anos 2000 – http://www.slideshare.net/augustodefranco/multiversidade-10753463
[7] MOOC – Massive Open Online Course – http://mooc.ca/
[8] Power does not reside in institutions, not even the state or large corporations. It is located in the networks that structure society – http://www.demos.co.uk/files/File/networklogic17castells.pdf
[9] Helen McCarthy, Paul Miller, Paul Skidmore – Network Logic – http://www.demos.co.uk/publications/networks
[10] Conectivismo – http://en.wikipedia.org/wiki/Connectivism
[11] Wikipedia – wikipedia.org
[12] – Wikipedia, pela própria Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia
[13] Knol – knol.google.com
[14] MERLOT – merlot.org
[15] Khan Academy – khanacademy.com
[16] Banco Internacional de Objetos Educacionais – objetoseducacionais2.mec.gov.br
[17] Appropedia – appropedia.org
[18] Instructables – instructables.com
[19] Como fazer um chapéu Ataque de um Tubarão – http://www.instructables.com/id/Shark-Attack-Hat/
[20] Como fazer Onde Onde – http://www.instructables.com/id/Onde-Onde-Malaysian-Coconut-Balls/
[21] Como fazer um gerador eólico – http://www.instructables.com/id/DIY-1000-watt-wind-turbine/
[22] Shred Academy – shredacademy.com
[23] Lifehacker – lifehacker.com
[24] AAAAARG.ORG – aaaaarg.org
[25] The Anarchist Library – theanarchistlibrary.org
[26] UDEMY – udemy.com
[27] The Faculty Project – facultyproject.com
[28] Academic Earth – academicearth.org
[29] P2PU – p2pu.org
[30] MIT OCW – ocw.mit.edu/courses
[31] Artigo com links para mais de 400 cursos online gratuitos – http://www.openculture.com/freeonlinecourses
[32] iTunesU – apple.com/education/itunes-u
[33] School of Everything – schoolofeverything.com
[34] Trade School – tradeschool.ourgoods.org
[35] The Public School – thepublicschool.org
[36] Nós Vc – nos.vc
[37] Adote um parágrafo – adoteumparagrafo.pbworks.com
[38] Class Central – class-central.com
[39] TED – ted.com
[40] TED Ed – http://www.youtube.com/user/TEDEducation
[41] Le Mill – lemill.net
[42] Escola de Redes – escoladeredes.net/
[43] Open Source Ecology – opensourceecology.org
[44] Nuvem de Soluções – nuvem.coolmeia.org
[45] Literature review of material related to self-organized peer learning (“peeragogy”) – http://bitly.com/peeragogy_2012
[46] Understanding personal learning networks: Their structure, content and the networking skills needed to optimally use them –
[47] Flipped Classes – http://www.mentormob.com/learn/i/articles-about-the-21st-century-education
[48] Man’s Search for Meaning – http://en.wikipedia.org/wiki/Man’s_Search_for_Meaning