Editoriais

21/02/2003 – #011 – Editorial

 – Não vejo perspectivas para o fim.
– Mas o fim não é uma perspectiva.
– Mas a perspectiva é a de um caminho para o fim. E eu não vejo esse caminho. Nem mesmo sei se ele existe.
– Mas você vê um caminho?
– Sim, vejo.
– Então é o que basta! 

 – Não vejo perspectivas para o fim.
– Mas o fim não é uma perspectiva.
– Mas a perspectiva é a de um caminho para o fim. E eu não vejo esse caminho. Nem mesmo sei se ele existe.
– Mas você vê um caminho?
– Sim, vejo.
– Então é o que basta!

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Escrever meu nome
Em paredes pintadas
Que nunca acabam,
Cores transparentes
Que gritam e me assustam
Que navegam no mar
Das minhas ilusões,
Celeiro isolado
Daqueles que me cercam E
escrevem seus nomes
Junto ao meu.

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Nos céus, junto aos porões
A proteção é uma farsa
Que não se disfarça
Que faz de conta
É um desejo, nada mais
Não se realiza
Se aproxima e sintoniza
A freqüência febril
Dos nossos corações

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Ele é um poeta embriagado
Sobre uma mesa de granito
Sob o céu esquisito
De uma tarde de domingo

Chego só, ele está sorrindo
Vou a seu encontro
E ele, pra variar
Com seu poema pronto
Me entrega sua alma
Que reluz, me seduzindo

Não sabe correr,
Consertar televisor
Mas sabe criar,
E o faz com amor

Mesmo encharcado
Molhado por dentro,
Tomado pelo limão
Sabe seu caminho
Que não segue sozinho
Mas acompanhado
Por todos nós

#

O que se escreve
Não se copia jamais
Por mais estradas
Por mais tempo
Por mais labuta
Entre nós não há espaço
Para o igual
Para o que vem depois

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O mundo deveria ser dos justos. O problema seria a definição de justiça nas margens da percepção. Por exemplo, se alguém lhe confia um revólver para que você o guarde e, tempos depois essa mesma pessoa vem a você, nitidamente transtornada, dizendo que vai assassinar alguém. O que é certo e justo: você devolver a arma confiada a você ou retê-la e não cedê-la ao seu dono mesmo sob pressão deste para evitar a morte de uma pessoa? Creio que a maior parte das pessoas acharia mais correta a segunda opção, justificando que talvez nosso amigo estando transtornado, estivesse fora de seu estado natural, e que aquela raiva fosse um sentimento passageiro que levaria o sujeito a cometer um ato do qual se arrependeria depois. Outros, creio, acreditam que a referida arma deva ser entregue ao seu dono, sendo que a responsabilidade sobre os atos realizados com ela é totalmente do dono (ou usuário).

Rafael Luiz Reinehr

"As leis, em seu significado mais extenso, são as relações necessárias que derivam da natureza das coisas; e, neste sentido, todos os seres têm suas leis; a Divindade possui suas leis, o mundo material possui suas leis, as inteligências superiores ao homem possuem suas leis, os animais possuem suas leis, o homem possui suas leis. Aqueles que afirmaram que uma fatalidade cega produziu todos os efeitos que observamos no mundo proferiram um grande absurdo: pois o que poderia ser mais absurdo do que uma fatalidade cega que teria produzido seres inteligentes?"
Montesquieu, capítulo I, Das leis em sua relação com os diversos seres, Livro Primeiro, Das leis em geral, em "O espírito das leis".

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo"
Walter Franco

 

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