• Contos

    Um vaso de flores

    Entro na sala e não encontro nada exceto um galão de vinte litros de água. Naquela altura, as cadeiras, a pia, o ventilador, a cafeteira e o pequeno aparelho de som não chamam minha atenção. Fixo meu olhar naquele curioso galão de água. Em menos do que um instante, um turbilhão de perguntas invadiu minha mente cansada e atordoada pelas preocupações corriqueiras – entretanto volumosas – do dia-a-dia: – Quem levou aquele galão até lá? – O que estará ele fazendo naquele canto? – Para onde ele será levado e utilizado? – De onde vem a água que nele se encontra? – Quanto custou e onde foi comprado? – Poderia…

  • condor
    Cotidianices

    Antecipando a idade do condor

        Dizem que a idade do condor começa aos 40 anos (ou será que me engano?). Por aqui, ela já chegou. Resolvi intensificar minha atividade física (4 horas de tênis e um jogo de futebol por semana, além de um campeonato de tênis no meio disso) e as conseqüências da sobrecarga estão claras: dor no tornozelo esquerdo, no joelho esquerdo na região pré-tibial nas duas pernas, no pulso direito e no ombro direito.     É triste tomar consciência do corpo deste jeito: através da dor. Preciso reduzir o ritmo e me condicionar de outra forma antes de partir para exercícios tão intensos como os que estou fazendo.     Planejado está,…

  • Quase Filosofia

    De sopros e cata-ventos

        Existem momentos na vida em que tudo parece parar. Um deles é quando estamos fazendo tantas coisas que estamos só fazendo isso: "fazendo". Fazer sem sentir, no automático, nos aproxima das máquinas, nos afasta da humanidade.     Hoje, indo à Santo Antônio da Patrulha, passei por uma estação de geração de energia eólica que tem lá pelas bandas de Osório. Pela primeira vez – e já passo por ali há anos, vi alguns de seus cata-ventos – como minha esposa e eu costumamos chamar (e é isso que são, sem dúvida) – com as pás completamente inertes. Paradas, imóveis. Fiquei olhando para aquilo meio surpreso, meio pensativo, meio confuso.…