12 Passos Práticos para Aprender a “Ir com o fluxo”
“A vida é uma série de mudanças naturais e espontâneas. Não resista a elas – isso só criará sofrimento. Deixe a realidade ser realidade. Deixe as coisas fluirem naturalmente da forma que quiserem.”- Lao Tzu
Não importa quanta estrutura criamos em nossas vidas, quantos bons hábitos construímos, sempre haverão coisas que fogem do nosso controle – e, se deixarmos, estas coisas podem se transformar em uma gigantesca fonte de raiva, frustração e estresse.
A solução simples: aprenda a “ir com o fluxo”.
“A vida é uma série de mudanças naturais e espontâneas. Não resista a elas – isso só criará sofrimento. Deixe a realidade ser realidade. Deixe as coisas fluirem naturalmente da forma que quiserem.”- Lao Tzu
Não importa quanta estrutura criamos em nossas vidas, quantos bons hábitos construímos, sempre haverão coisas que fogem do nosso controle – e, se deixarmos, estas coisas podem se transformar em uma gigantesca fonte de raiva, frustração e estresse.
A solução simples: aprenda a “ir com o fluxo”.
Por exemplo, digamos que você criou a perfeita rotina matinal. Você estruturou suas manhãs de forma que você faça coisas que deixem você calmo e feliz. Então, uma tubulação de água explode no seu banheiro e você passa uma manhã estressante tentando limpar a bagunça e consertar a tubulação.
Você fica nervoso. Você fica desapontado, porque você não conseguiu praticar sua rotina matinal. Você está estressado por todas estas mudanças com as quais não está acostumado. Ela arruina seu dia porque você fica frustrado pelo resto do dia.
Não é a melhor forma de lidar com as coisas, não é? Ainda, se formos honestos, muitos de nós temos problemas como estes, com acontecimentos que rompem com o jeito que gostamos das coisas, com pessoas que mudam o que somos acostumados a fazer, com a vida quando não flui da forma que gostaríamos que fluísse.
“Ria, respire e vá devagar.”- Thich Nhat Hahn
Siga com o fluxo.
O que é seguir com o fluxo? É se desenrolar com o momento. É aceitar a mudança sem ficar irado ou frustrado. É tomar o que a vida nos dá ao invés de tentar moldar a vida para ser exatamente como queremos que seja.
“Flua com o que quiser esteja acontecendo e deixe sua mente livre. Permaneça centrado aceitando o que estiver fazendo. Isto é tudo.” – Chuang Tzu
Um leitor recentemente me pediu para escrever sobre “ir com o fluxo”, então esta é minha tentativa em compartilhar algumas coisas que funcionam para mim. Como sempre, eu não pretendo atingir a perfeição e estou aprendendo enquanto melhoro, mas as dicas devem ajudar qualquer um.
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Perceba que você não consegue controlar tudo
. Penso que todos sabemos disso de alguma forma, mas a forma que pensamos e agimos muitas vezes contradiz esta verdade básica. Nós não controlamos o universo, e ainda assim parece que é o que queremos. Todas nossos pensamentos mais ardorosos não nos trarão isso. Você não pode nem mesmo controlar tudo dentro da sua própria esfera de influência – você pode influenciar algumas coisas, mas muitas outras estão simplesmente fora do seu controle. No exemplo acima, você pode controlar sua rotina matinal, mas existirão coisas que acontecem de tempos em tempo (alguém que fica doente, acidentes, telefonemas às 5 da manhã, etc.) que farão com que você quebre sua rotina. O primeiro passo é perceber que estas coisas irão acontecer. Não poderão, mas irão acontecer. Existem coisas que não podemos controlar que irão afetar cada aspecto de nossas vidas e devemos aceitar isto sob pena de, se não o fizermos, ficarmos constantemente frustrados. Medite sobre isto um pouco.
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Torne-se consciente
. Eu mencionei este passo em artigos prévios em outros tópicos, justamente porque é extremamente importante. Você não pode mudar coisas em sua cabeça se você não está ciente delas. Você precisa se tornar um observador de seus pensamentos, um “auto-analista”. Esteja consciente quando estiver se tornando irritado, assim você poderá fazer algo sobre isso. Ajuda manter uma caderneta onde, por uma semana, você coloca pequenas marcas cada vez que ficar brabo. É isso – apenas fique marcando. Em breve, em função deste pequeno ato, você ficará mais consciente de sua raiva e frustração.
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Respire
. Quando você sentir que está ficando com raiva ou frustrado, respire fundo. Várias vezes. Este é um passo importante que lhe ajuda a se acalmar e fazer o resto das coisas nesta lista. Pratique isto e verá que já trilhou uma boa parte do caminho.
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Tenha perspectiva
. Isso sempre me ajuda. Eu fico com raiva de algo que me acontece – meu carro quebra, meus filhos quebram o microondas – então respiro fundo e dou um passo atrás. Sabe quando você está vendo um filme e a câmera dá zoom para trás e você pode ver muito mais do mundo na tela do que podia antes? Como vai de um close a uma vião mais ampla, panorâmica das coisas? É isso que acontece em meu cérebro. Eu começo a dar um “zoom para trás”, até que esteja bastante longe das coisas. Assim, não importa o que tenha acontecido deixa de ter tanta importância. Uma semana de agora, um ano de agora, este pequeno incidente não vai significar nada. Ninguém irá se importar, nem mesmo você. Então, porque ficar tão preocupado com isto? Deixe passar, e logo não será um grande problema.
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Pratique
. É importante perceber que, assim como quando você aprend
e uma nova habilidade, você provavelmente não será bom nisso logo a princípio. Quem é bom assim que aprende a escrever, ler ou dirigir? Ninguém sabe. Habilidades vêm com a prática. Assim, enquanto você aprende a ir com o fluxo, você pode bagunçar tudo. Você irá tropeçar e cair. OK, é parte do processo. Apenas siga praticando e você dará conta do recado. Algum dia, você poderá inclusive se tornar um Mestre Zen e escrever o que você aprendeu para o Zen Habits. -
Passos de formiga
. Seguindo a mesma linha, pense as coisas em pequenos passos. Não tente se tornar aquele Mestre Zen citado acima da noite para o dia. Não tente morder grandes pedaços – apenas morda algo pequeno primeiro. Faça suas primeiras tentativas de ir com o fluxo com coisas pequenas: foque nas marcas na caderneta, como citado acima primeiro. Depois, foque na respiração. Então, tente tomar perspectiva após respirar fundo. Você pode tentar as situações mais fáceis primeiro – se seus problemas no trabalho são mais fáceis de aceitar que suas frustrações com seus filhos, por exemplo, comece com o trabalho.
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Ria.
Isso me ajuda a ver as coisas de uma forma divertida ao invés de frustrante. O carro quebrou no meio do tráfego e não tem um telefone celular ou um estepe? Rio da minha própria incompetência. Rio do absurdo da situação. Isso requer uma certa quantidade de desprendimento – você pode rir da situação se você estiver acima dela, mas não se estiver dentro dela. E este desprendimento é uma coisa boa. Se você puder aprender a rir das coisas, você chegou longe. Tente rir mesmo que você não ache graça – isso irá tornar a situação mais provavelmente engraçada.
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Mantenha um recordatório.
Este é um dos melhores usos para um recordatório. Uma vez por dia, tente lembrar porque você fez cada uma das marcas na caderneta, então escreva sobre estas situações. Porque você ficou brabo? O que você tentou fazer? Funcionou e, se não, porquê? O que você pode fazer da próxima vez? Este tipo de recordação e exame, após o fato, irá ajudá-lo a aprender do processo.
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Medite.
Se você não é bom em manter um recordatório, pelo menos faça uma revisão diária na sua cabeça. Medite, ou tome um banho, ou tome uma xícara de chá e, à medida em que vai desestressando, “rebobine” o seu dia e examine-o. Não fique frustrado, você está aprendendo. Respire fundo algumas vezes, e então analise cada situação, tentando vê-la como um observador desprendido. Este tipo de revisão irá ajudá-lo a aprimorar o processo de aprendizado.
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Perceba que você não pode controlar os outros.
Ah, um dos grandes desafios. Ficamos frustrados com outras pessoas, porque elas não agem da forma que gostaríamos que agissem. Talvez sejam nossos filhos, nossa esposa ou companheira, talvez seja nosso colega de trabalho ou chefe, talvez seja nossa mãe ou melhor amigo. Mas temos que perceber que eles estão agindo de acordo com a personalidade deles, de acordo com a forma que eles percebem ser a correta, e eles não farão o que quisermos todo o tempo. E temos que aceitar isso. Aceitar que não podemos controlá-los, aceitá-los como são, aceitar as coisas que fazem. Não é fácil mas, novamente, requer prática.
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Aceite mudança e imperfeição.
Quando temos as coisas do jeito que gostamos, nós usualmente não queremos mudá-las. Mas elas mudarão. É um fato da vida. Não podemos manter as coisas exatamente como queremos portanto, é melhor aprender a aceitar as coisas como são. Aceitar que o mundo está constantemente mudando e que somos parte desta mudança. Também, ao invés de querer que tudo seja “perfeito” (e o que é perfeito, afinal de contas?), nós devemos aceitar que elas nunca serão perfeitas e devemos aceitá-las como boas em seu lugar.
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Aproveite a vida como um fluxo de mudança, caos e beleza.
Lembra quando perguntei o que “perfeito” significa, no parágrafo acima? É realmente uma pergunta muito interessante. Perfeito significaria a vida e mundo ideal que temos em nossa cabeça? Temos um ideal que tentamos conformar o mundo conforme seus princípios? Bem, isso provavelmente nunca irá acontecer. Ao invés, tente ver o mundo perfeito do jeito que está. É bagunçado, caótico, doloroso, triste, sujo… e completamente perfeito. O mundo é belo, exatamente do jeito que é. A vida não é algo estático, mas um fluxo de mudança, nunca permanecendo a mesma, sempre se tornando mais bagunçada e caótica, sempre bela. Existe beleza no mundo ao nosso redor, se olharmos para ele como perfeito.
“Eu aceito o caos. Eu não estou certo que ele me aceita.” – Bob Dylan
Este artigo é uma livre tradução de 12 Practical Steps for Learning to Go With the Flow, de Leo Babauta
Comentários acerca do artigo:
Leo Babauta transformou-se em um “arqueiro Zen da internet”. Seus textos são assinados por mais de 41 mil pessoas (dados de março de 2008). Pessoas que, em um mundo caótico, estressado, consumista e individualista buscam paz para seus espíritos aflitos. Nesta toada, é fácil se perder nas mensagens zen-budistas e esquecer um olhar crítico sobre elas.
Minha percepção pessoal alerta que, ao mesmo tempo em que as condutas apontadas acima são genuinamente benignas do ponto de vista individual, do ponto de vista social podem acabar levando a um isolamento do indivíduo que, para conseguir paz e tranqüilidade própria, acaba por se desvencilhar de questões que não são suas. Descontando esta ressalva, creio que ir com o fluxo tem, em si, muitos aspectos benéficos para a saúde física e espiritual dos indivíduos e se, utilizado com a ressalva apontada, pode trazer grandes ganhos para quem quer que pratique as dicas acima.