O ano da empatia
Está no ar um grande sensação de que tem algo sobrando e, ao mesmo tempo, tem algo faltando.
A cada dia, mais e mais pessoas estão deixando de morder o anzol da máquina publicitária, que vende como ideal uma vida repleta de posses, pautada por um consumo infinito que, ao mesmo tempo, consome todo o nosso dia. Exemplos advindos dos quatro cantos do mundo mostram como é possível construir uma vida mais significativa, baseada em laços de solidariedade, apoio mútuo, confiança, empatia e gratidão.
Estamos progressivamente mais antenados com as vantagens mas também com as limitações que uma vida altamente tecnológica nos impõe. Ao mesmo tempo, temos nossas distâncias encurtadas, toda comunicação acontece de forma extremamente rápida. O mundo em uma casca de noz. Ao mesmo tempo, a hiperinformação nos deixa mais confusos e estabanados do que nunca. Não sabemos como processar tantos dados e estímulos. Estamos sofrendo de fadiga de escolha. Todas as escolhas que aqueles que dizem nos governar tem sistematicamente feito, não tem ajudado a reduzir a injustiça, a violência, a opressão e a desigualdade e, em alguns casos, tem feito aumentar. A percepção deste “abandono” por parte das instituições oficiais, que estão mais preocupadas em se autogovernar e se autossustentar do que prover as necessidades – mesmo as básicas – à população que outrora nelas confiava, tem gerado uma “corrida às montanhas”, uma busca de alternativas por parte de um grupo de pessoas que não irá esperar o barco afundar para depois telefonar de seu micoPhone encomendando um par de salva-vidas furado da China.
Estas pessoas estão se organizando em coletivos, movimentos, redes e grupos de afinidades através das planícies, colinas e urbes. Estão decididamente criando novas-velhas formas de se relacionar, baseadas em uma série de princípios libertários, que negam a opressão, a dominação e a hierarquia para fundar uma nova base, horizontal, colaborativa, empática e entremeada pela confiança mútua, há muito perdida na sociedade contemporânea. Este retorno a práticas ancestrais precisa ser celebrado.
Junte-se a nós no Solar das Lagartixas para um jantar e potluck comunal. No dia 22 de janeiro iremos cozinhar um jantar vegano simples, mas encorajamos outros a trazerem coisas para comer: frutas, vegetais para cozinhar ou comer crus, pães e queijos, vinhos e sucos, sobremesas ou o que desejar.
— Será um momento para compartilhar alguns momentos juntos, fora dos espaços nos quais nos encontramos sempre instrumentalizando, profissionalizando e racionalizando nosso tempo, relações, decisões e vidas.
— Um tempo para comer, falar, encontrar uma o outro, para diretamente se contrapor à fragmentação social, individualismo e solidão que vemos em qualquer lugar para o qual olhamos.
— Para nos mover em direção a nos sustentarmos coletivamente fora das nossas relações individuais com o mercado e o estado; para conquistar uma maior autonomia material coletivamente Isso significa iniciar e prosseguir com uma série de práticas e relações; ser consistente e confiável; estabelecer uma fundação forte para uma nova forma de vida. Isso é parte de uma estratégia para resistir ao que nossas vidas se tornarão se não nos organizarmos.
Nós queremos uma política que leve a sério nossa prória realidade como base para a auto-organização. Uma política que reconheça que se organizar coletivamente ao redor das nossas necessidades com amigos, camaradas, amantes, vizinhos, colegas de trabalho e membros da família se tornará a base para as nossas comunas. Nossa habilidade de sobrepujar a degradação trazida pela atual crise social, política, econômica e ambiental se dá na medida da nossa capacidade para sermos solidários e do nosso desejo em estarmos auto-organizados.
Em 2014, mostraremos que nossa capacidade de comunicação e articulação está mais vicejante do que nunca. E é só o começo.
22 de janeiro de 2014, 20 horas
Solar das Lagartixas
Rua Sergipe, 339
Jardim das Avenidas
Araranguá – SC
(Sacola mágica estará recebendo contribuições espontâneas para a Coolmeia)
Ou em qualquer local e horário perto de você. Inspire-se: conspire!
Referências:
Referências: 1. Inspiração para convite: jantar de solstício do The Base, NY - dezembro de 2013 2. BAUWENS, M. - Reestruturando a economia com a empatia em seu centro - bclog.p2pfoundation.net/restructuring-the-economy-with-empathy-as-its-center/2013/12/29 3. Center for Building a Culture of Empathy - http://cultureofempathy.com/