A Arquitetura da Felicidade
Quase Filosofia

A Arquitetura da Felicidade

And so la nave va

Enquanto escrevo estas palavras, estacionado em um posto de combustível no meio do coração da cidade, escuto a história de Buda, nascido em Lumbini, onde hoje é o Nepal, cerca de 500 A.C., a partir da leitura do audiolivro “No-nonsense Buddhism for Begginners“, no Audible.

Ao mesmo tempo, faço uma busca por um artigo chamado The Architecture of Happiness (A Arquitetura da Felicidade) no Sci-Hub e, ao mesmo tempo em que não encontro o artigo disponível na plataforma, fico impressionado com o absurdo volume de conhecimento científico e técnico que é publicado a cada minuto e é indexado apenas por esta plataforma de conhecimento livre. A imagem abaixo pode dar uma ideia do que estou falando:

sci-hub

Cerca de 10 publicações novas indexadas por segundo. Onde é que isso tudo vai parar, diria o filósofo portoalegrense Humberto Gessinger.

Enquanto no áudio ouço palavras como Liberação, Despertar, Estar Consciente, A Realidade Como Ela É versus A Realidade Como a Percebemos, vejo em simultâneo esta profusa produção de conhecimento reducionista, caminhando cada vez mais para o “mínimo detalhe” e, com frequência, criando a imensa dificuldade de reconstruir o todo, o Holos (que muitas vezes é maior do que a soma de suas partes).

E isso me fez pensar:

Qual é a profundidade do mergulho que temos que dar em direção ao detalhe, à parte, para conhecer as minúcias desta, qual é a utilidade deste mergulho (para quê e a quem ele serve ou poderá servir) e qual é a quantidade de ar que resta em nossos pulmões para que possamos retornar à superfície e dar sentido ao nosso mergulho, em primeiro lugar? Faz sentido um mergulho tão profundo que não permita um retorno para que possamos contar a história? Ou as pistas que coletarmos servem de atalhos para uma nova geração de aventureiros, que usarão as informações ocultas em nossos debris como catalisadores de um novo porvir? Ou ainda, será que o mergulho mais profundo que podemos dar não é em direção à parte, mas à compreensão de um Todo que já está em nós, e apenas está oculto por camadas de ilusão e fumaça, disfarçado por toda sorte de distrações do mundo moderno?

Uma das conclusões a que Buda chegou, após alcançar a Iluminação, é que de forma a conhecer a Iluminação, um ser humano precisa experimentar certos aspectos dela por si próprio e diretamente. Nenhum tipo de palavra, conceito ou ensinamento é capaz de fazer com que alguém possa compreender a Iluminação a partir de uma explicação. Ela precisa ser experimentada. Assim, ao invés de ensinar uma série de crenças, Buda ensinou uma série de práticas, um método para ajudar as pessoas a experimentarem a iluminação por si mesmas.

And so, la nave va

Ao invés de verificar se um determinado ensinamento é verdade ou não, em si próprio, somos convidados a verificar se ele funciona, ou não.

Na vida, use isto como guia. Se atenha menos às palavras e mais à realidade dos fatos à sua frente. Alguém lhe vendendo algo que ele mesmo não possui? Hummm… Desconfie.

Sim, a busca pelo infinitesimal tem criado de supercomputadores a telescópios espaciais, passando por nanopartículas e uma série de melhorias para nossa vida moderna, mas a desconexão com o todo tem criado poluição ambiental, novas doenças crônicas, estresse crescente e redução da biodiversidade…

Aprenderemos a mergulhar na medida certa e tecer redes que façam sentido para nossa jornada humana, ou seremos somente mais uma experiência desde complexo transmutar-se que é a Vida?

And so, la nave va

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